Do livro: MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS EM UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVA: O Guia do Fisioterapeuta Intensivista
Autor: Daniel Xavier e colaboradores, 2015.
@intensivistaxavier
Os incentivadores respiratórios são exercitadores
que tem como objetivo reexpansão pulmonar, aumento
da permeabilidade das vias aéreas e fortalecimento dos
músculos respiratórios. Esses exercitadores ou
incentivadores respiratórios são recursos mecânicos da
fisioterapia respiratória, normalmente destinados a
auxiliar o desempenho muscular respiratório e a
eficiência do trabalho mecânico da ventilação pulmonar,
proporcionando aumento da oxigenação arterial
(COSTA, 1999).
Normalmente, esses incentivadores respiratórios
caracterizam-se por serem equipamentos portáteis, em
geral de plástico ou material semelhante, e de baixo
custo. São de fácil manuseio, descartáveis, e podem ser
utilizados tanto em adultos como em crianças. Todos os
incentivadores respiratórios fundamentam-se no
oferecimento de uma resistência (carga) a respiração
espontânea do paciente. Essa resistência pode ser
exercida por uma carga pressórica alinear ou por carga
pressórica linear (MARINI, 2004).
Provavelmente, é a estratégia mais utilizada para
treinar músculos inspiratórios, devido ao fato de ser
realizada com carga linear que se mantém constante,
independentemente do fluxo gerado pelo paciente. Além
disso, o aparelho disponível para este tipo de treinamento
(Threshold®– Health – Scan Products, Inc) apresenta
baixo custo e facilita sua utilização. Neste aparelho, a
sobrecarga é do tipo spring-load (mola), que impõe uma
carga de trabalho aos músculos inspiratórios mensurada
em centímetros de água.
O threshold® é um cilindro de
plástico (1,5 cm de diâmetro interno) que possui uma
válvula com regulador de pressão interna, controlada
pela tensão da mola. O indivíduo deve inspirar através do
bocal com utilização de clipe nasal e gerar uma pressão
subatmosférica capaz de abrir a válvula. Quando a
pressão gerada for maior que a exercida pela mola, o ar
inspirado entra através do aparelho. A sobrecarga é
aumentada com o aumento de resistência da mola
(BRITTO, BRANT & PARREIRA 2009).
Ainda Citando Britto, Brant e Parreira (2009), o
threshold® teve sua validade testada nos estudos de
Johnson e Gosselink, sendo muito utilizado no
treinamento da musculatura respiratória de pacientes
com DPOC. Para ganho de força a maioria dos estudos
científicos descreve esse treinamento sendo realizado de
três a sete vezes por semana, com duração de 10 a 30
minutos (uma ou duas vezes ao dia) e intensidade de 30 a
70% da Pimáx e Pemáx.
Os resultados são observados
entre 5 e 12 semanas.
Não existem evidências que apontam o treinamento
resistivo ou linear como método de escolha. O resistivo
tem a desvantagem de ser fluxo-dependente e o linear
necessita da geração da pressão adequada antes que o
fluxo ocorra. O treinamento linear, além de ser fluxo independente,
possibilita uma melhor relação de tempo
inspiratório e expiratório, pois o aumento da velocidade
de contração muscular inspiratória necessária para
superar a carga imposta leva a uma diminuição do tempo
inspiratório e, consequentemente, a um aumento do
tempo expiratório (Tempo de relaxamento da
musculatura inspiratória) (BRITTO, BRANT &
PARREIRA 2009).
O valor da resistência aplicada é determinado
pela analise da força muscular inspiratória, por meio do
manovacuômetro que é um instrumento para mensuração
das pressões respiratórias máximas, ele avalia a força dos
músculos respiratórios por meio da PiMáx (Pressão
Inspiratória Máxima) e PeMáx (Pressão Expiratória
Máxima).
São feitas três mensurações tanto para
inpiraçao quanto para a expiração. Após essas
mensurações, observamos o valor maior dentre as três, e
o utilizamos para se determinar a carga necessária que
vai ser colocada no Threshold (COSTA,2009;
SARMENTO, 2009).
Ao realizar a manovacuometria, são realizadas 3
(três) repetições em cada variável do teste onde as 3
devem ser aceitáveis (sem vazamentos). O valor da
PImáx é expresso em centímetro de água (cmH2O),
precedido por um sinal negativo e o valor da PEmáx da
mesma maneira, porém procedido por um sinal positivo.
(MOTTER,2011).
O valor normal da PImax em um adulto é de –90
a –120cmH2O e da PEmax é de + 100 a +150cmH2O em
ambos os sexos, após 20 anos de idade, ocorre um
decréscimo anual de 0,5 cmH2O (AULER, 2000).
Fraqueza muscular PImax= -70 a – 45 cmH2O
Fadiga muscular respiratória PImax = -40 a – 25 cmH2O
Falência muscular respiratória PImax= < 20 cmH2O.
O treinamento da musculatura respiratória tem
como função habilitar músculos específicos a realizarem
com maior facilidade a função para qual são destinados,
objetivando tanto força muscular quanto endurance
(COSTA,2009; SARMENTO, 2009).
Durante o Treinamento dos músculos
ventilatórios, inicia-se com uma carga de 40 a 60% da
PImax se o objetivo for endurance, utilizam-se cargas
menores com número de repetições maiores, e se for
ganho de força utiliza-se cargas maiores com repetições
menores (COSTA,2009; SARMENTO, 2009).
O treinamento inclui de duas a três sessões por dia.
As sessões podem ser realizadas por séries (10
repetições) ou por tempo. Utilizando uma porcentagem
da PImax obtida, sendo que a carga de trabalho será
ajustada na mola do threshold e as séries devem ser
intercaladas com um período de um minuto de descanso
no ventilador. (TADINE, 2010).
Link para acesso ao livro: MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS EM UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVA: O Guia do Fisioterapeuta Intensivista
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