quarta-feira, 6 de julho de 2016

Mobilização de pacientes críticos em unidade de tratamento intensivo

Mobilização de pacientes críticos em unidade de

tratamento intensivo



Autor: Daniel xavier 
Insta: @intensivistaxavier

O exercício terapêutico é considerado um elemento central na maioria dos planos de assistência da fisioterapia, com a finalidade de aprimorar a funcionalidade física e reduzir incapacidades35. Inclui uma ampla gama de atividades que previnem complicações como encurtamentos, fraquezas musculares e deformidades osteoarticulares e reduzem a utilização dos recursos da assistência de saúde durante a hospitalização ou após uma cirurgia. Estes exercícios aprimoram ou preservam a função física ou o estado de saúde dos indivíduos sadios e previnem ou minimizam as suas futuras deficiências, a perda funcional ou a incapacidade 1.
O desenvolvimento de fraqueza generalizada relacionada ao paciente crítico é uma complicação importante e comum em muitos pacientes admitidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI) 3. Sua incidência ocorre em 30% a 60% dos pacientes internados em UTI. Além de suas condições prévias, vários são os fatores que podem contribuir para ocorrência desta fraqueza, incluindo: inflamações sistêmicas, uso de alguns medicamentos, como corticóides, sedativos e bloqueadores neuromusculares, descontrole glicêmico, desnutrição, hiperosmolaridade, nutrição parenteral, duração da ventilação mecânica e imobilidade prolongada 21,32.
O imobilismo acomete os sistemas musculoesquelético, gastrointestinal, urinário, cardiovascular, respiratório e cutâneo37. O desuso, como no repouso, inatividade ou imobilização de membros ou corpo e a perda de inervação nas doenças ou injúrias promovem um declínio na massa muscular, força e endurance. Com a total imobilidade, a massa muscular pode reduzir pela metade em menos de duas semanas, e associada à sepse, declinar até 1,5 kg ao dia17. Estudos experimentais com indivíduos saudáveis demonstraram uma perda de 4% a 5% da força muscular por semana. Nos casos em que a conexão neural para o músculo é destruída, a atrofia muscular ocorrerá mais rapidamente. A ligação entre hiperglicemia e fraqueza pode estar relacionada aos efeitos tóxicos da mesma, contrariada pelo efeito neuroprotetor e anti-inflamatório da insulina23.
Todos estes fatores associados contribuem para um prolongamento no tempo de sua estada na UTI resultando em maiores riscos para complicações, aumento nos índices de mortalidade e custos mais elevados18. Distúrbios emocionais como a ansiedade e depressão aumentam o tempo de internação com aumento dos déficits físicos e podem afetar a funcionalidade e consequente qualidade de vida destes pacientes de um a sete anos após o evento, comprometendo-os socialmente 33.
 Intervenções precoces são necessárias para prevenir problemas físicos e psicológicos. A atividade terapêutica deve ser iniciada precocemente, para evitar os riscos da hospitalização prolongada e imobilidade, podendo ser uma das chaves para a recuperação do paciente 32.
O paciente crítico internado em UTI apresenta restrições motoras graves11. O posicionamento adequado no leito e a mobilização precoce do paciente podem significar as únicas possibilidades de interação do indivíduo com o ambiente e devem ser considerados como fonte de estimulação sensório-motora e de prevenção de complicações secundárias ao imobilismo8.
Poucos são os estudos que abordam o papel da cinesioterapia em pacientes críticos, que na fase inicial são vistos como "muito doentes" ou "muito instáveis clinicamente" para intervenções de mobilização11. Porém, os exercícios terapêuticos demonstram benefícios, principalmente quando iniciados precocemente, apesar das variedades de abordagens. Postergar o início dos exercícios apenas colabora para intensificar o déficit funcional do paciente8.


TREINAMENTO DA MUSCULATURA RESPIRATÓRIA.

Força Muscular Respiratória
       Para Kisner & Colby (2005), a força muscular é um termo amplo que se refere à habilidade do tecido contrátil de produzir tensão e uma força resultante com base nas demandas impostas sobre o músculo. Mas especificamente, força muscular é a maior força mensurável que pode ser exercida por um músculo ou grupo muscular para vencer uma resistência durante um esforço máximo único.
       Quanto à força da musculatura ventilatória, o autor define como sendo a pressão máxima ou mínima desenvolvida dentro do sistema respiratório a um específico volume pulmonar (MIRANDA 2002).
       O desempenho ventilatório depende não apenas das propriedades mecânicas dos pulmões (vias aéreas e parênquima) e da parede torácica, mas também da ação dos músculos respiratórios, os músculos expiratórios: reto abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo, transverso, porção interóssea do intercostal interno) e inspiratórios: escalenos, intercostal externo e porção intercondral do intercostal interno e acessórios: peitoral maior, peitoral menor, trapézio, serrátil anterior e esternocleidomastóideo (AULER,1995).
Segundo Franco 2003, os músculos respiratórios são músculos estriados que quando comparados aos músculos esqueléticos da periferia, apresentam maiores fluxo sanguíneo, capacidade oxidativa e resistência à fadiga. Entretanto, quando ocorre disfunção desta musculatura e a demanda ventilatória excede sua capacidade, podem ocorrer episódios de hipoventilação e hipoxemia (DE TROYER, 1998). Vários mecanismos podem contribuir para o desequilíbrio entre a resistência e a capacidade dos músculos respiratórios e consequentemente a sua disfunção (SPRAGUE, 2003).
Demonstra Koenig (2001), que à ineficácia dos músculos respiratórios, da força muscular e da endurance desses músculos podem levar a uma sobrecarga inspiratória, aumentando o trabalho respiratório, o consumo de oxigênio e o custo energético da respiração. De acordo com Reid (1995), os pacientes com comprometimento respiratório apresentaram disfunção muscular, o que contribui para intolerância aos exercícios, dispnéia e hipercapnia. Os sintomas podem ser prevenidos ou reduzidos com um esquema de treinamento muscular respiratório efetivo.
O treinamento dos músculos inspiratórios é utilizado para treinar o diafragma e os músculos acessórios que estão enfraquecidos por paralisia parcial, desuso por ventilação artificial prolongada ou repouso prolongado no leito (UMPHRED, 2004). É de grande importância o treinamento muscular inspiratório, visto que, ele restabelece a função muscular respiratória, melhora força e resistência, alcançando uma readaptação progressiva aos esforços (MENDES, 2006).
       Já a fadiga dos músculos ventilatórios, principalmente, o diafragma e outros músculos inspiratórios constituem um importante problema clínico, pois é uma via comum final em direção à insuficiência respiratória. A diminuição da força ou resistência muscular pode acarretar no surgimento prematuro da fadiga dos músculos ventilatórios, bem como a anormalidade da parede torácica e da mecânica pulmonar, além de volumes anormais que somados irão comprometer as capacidades geradoras de pressão dos músculos inspiratórios (IRWIN & TECKLIN, 1994).

Endurance Muscular
       Resistência à fadiga é um termo amplo que se refere à habilidade de realizar atividades de baixa intensidade, repetitivas ou sustentadas, por um tempo prolongado (KISNER e COLBY 2005).
Ainda citando Kisner e Colby (2005), a resistência muscular à fadiga é a habilidade de um músculo contrair-se repetidamente contra uma carga (resistência), gerar e manter tensão e resistir à fadiga por um extenso período de tempo.

       Segundo Knobel (2004), endurance muscular é a capacidade do músculo em oferecer resistência à fadiga, em um determinado tempo de trabalho. A capacidade de endurance muscular depende do tipo de fibras, do suprimento sanguíneo e da integridade dos elementos contráteis.
Autor: Daniel Xavier
@intensivistaxavier

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