quinta-feira, 23 de junho de 2016

Câncer é a doença que mais mata crianças e adolescentes na Região Norte, diz Inca

Câncer é a doença que mais mata crianças e adolescentes na Região Norte, diz Inca

No Amazonas, em cinco anos, 400 pacientes infanto juvenis morreram por causa da doença, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).

Manaus - O câncer está em primeiro lugar entre as causas de morte por doença em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, na Região Norte, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Amazonas, em cinco anos, 400 pacientes infantojuvenis morreram por causa da doença, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), que foram registrados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).
As estimativas do Inca apontam que cerca de 1.210 novos casos de câncer infantil serão registrados, este ano, nos Estados do Norte do País. No período de 2009 a 2013, o Amazonas registrou, em média, 80 mortes de crianças e adolescentes, relacionadas à doença, por ano, segundo o Datasus. 
De acordo com o Inca, a leucemia é listada como  o câncer mais comum na infância. Conforme a médica oncologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) Adelaide Portela, não existe condição genética comprovada que ligue a infância à doença do sangue. 
De origem desconhecida, a leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos. O Inca classifica o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais, como a principal característica da doença. “Não é uma determinação genética, mas nós sabemos que os cânceres do sangue, osteosarcoma (câncer dos ossos) e neuroblastoma são mais recorrentes nas crianças”, disse.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a leucemia apresenta quatro tipos mais comuns: leucemia linfoide crônica, mieloide crônica, linfoide aguda e mieloide aguda. Duas delas atingem com mais frequência as células das crianças - caso da linfoide aguda e a mieloide aguda. 
Atenção aos sintomas
Portela alerta que é preciso notar e investigar sintomas que podem indicar um câncer infantojuvenil, mas, por causa da semelhança com outras doenças, nem sempre o diagnóstico correto é feito a tempo.
Segundo a oncologista, o diagnóstico precoce aumenta em 80% a chance do paciente desta faixa etária se recuperar totalmente da doença. “Quem detecta os primeiros sintomas é o pediatra. A fadiga, as manchas roxas, um sangramento na urina, a perda de peso, que muitas vezes é confundida com uma virose e até mesmo com a dengue, podem ser sinais da doença”, alertou. 
De acordo com a médica, existe uma orientação da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica para que os profissionais de pediatria analisem todos os sintomas como possíveis casos. “Hoje, nós temos criado o hábito de levar as nossas crianças regularmente ao pediatra. É na pediatria geral que o paciente tem a porta de entrada para o diagnóstico precoce. A orientação é que os pediatras pensem sempre oncologicamente, porque quando o câncer é descoberto prematuramente, existe 80% de cura”, afirmou. 
Portela explica que o tratamento varia de seis meses a cinco anos, considerando as especificidades de cada protocolo de atendimento. Segundo a médica, as crianças respondem bem à quimioterapia e à radioterapia. “Se a criança tem metástase, a radioterapia age na localidade, em um membro, um órgão. A pior parte é porque as crianças sofrem muito com as agulhadas, mas como não têm essa percepção de vida de dizer ‘eu vou morrer, eu vou viver’, o tratamento fica mais tranquilo do que num adulto, por exemplo”, comparou Portela.
Mais qualidade de vida
Com a fisioterapia, a qualidade de vida das crianças acompanhadas na FCecon tem melhorado, segundo o coordenador técnico da ala de Fisioterapia da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Fundação, Daniel Xavier. “A reabilitação oncofuncional trabalha a parte motora e a parte respiratória que, por causa dos medicamentos e do tempo de internação, ficam prejudicadas”, afirmou.
Pesquisador da área, Xavier destaca que o objetivo da análise que ele tem desenvolvido com os pacientes da FCecon é demonstrar que a associação entre a adequada prescrição de atividade física, aliada à fisioterapia oncofuncional, é fundamental para melhorar da qualidade de vida de crianças com câncer. 
O acompanhamento, segundo o fisioterapeuta, também inclui crianças que, em decorrência da doença, precisaram amputar membros e passaram a usar próteses. “Os avanços são visíveis aos olhos. Crianças que não conseguiam ficar sentadas na cama, agora, já dão pequenos passos”, exemplificou.
Dentre as pesquisas realizadas pelo especialista estão: Qualidade de vida e desempenho funcional de crianças e adolescentes portadores de neoplasias malignas submetidas ao processo de reabilitação oncofuncional; Desenvolvimento da polineuromiopatia do paciente crítico em uma unidade de tratamento intensivo oncológico; Mobilização precoce enquanto terapêutica segura e eficaz no combate à poliradiculomiopatia dos pacientes oncológicos internados na UTI e a Prática da atividade física direcionada à reabilitação oncofuncional como parte integrante do processo de melhora de qualidade de vida de crianças portadoras de câncer.

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