quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Gasometria Arterial



Autor: Fernanda Nascimento Gomes  
Coordenador da pós graduação: Daniel Xavier

Gasometria Arterial


Resultado de imagem para gasometria arterial A Gasometria arterial é um exame invasivo, que analisa os gases no sangue arterial, revelando os valores do pH sanguíneo, da pressão parcial de gás carbônico (PaCO2) e oxigênio (PaO2), íon bicarbonato (HCO3-) e saturação da oxi-hemoglobina, entre outros. Normalmente a gasometria é solicitada quando o quadro clínico do paciente sugere uma anormalidade na ventilação, na oxigenação, e no estado ácido-básico. Este exame é de fundamental importância em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois a presença de distúrbios ácido-básicos está associada ao maior risco de disfunção de órgãos e sistemas, e óbitos nos pacientes internados em terapia intensiva.

Fisiologia Básica

O equilíbrio ácido-básico (EAB) refere-se aos mecanismos fisiológicos que mantêm a concentração de hidrogênio (H+) dos líquidos corpóreos numa faixa compatível com a vida, já que as atividades de quase todos os sistemas de enzimas no corpo são influenciadas pelo H+, sendo assim, qualquer mudança na concentração de H+ alteram praticamente todas as funções celulares e corporais.

A eliminação desses íons H+ ocorre através de três sistemas: pulmão, rins e mecanismos de tamponamento ácido-básico, envolvendo sangue, células e principalmente bicarbonato.

Os sistemas tampões reagem em fração de segundos a qualquer alteração no pH nos líquidos corporais, constituindo-se na primeira linha de defesa. Eles não eliminam o H+ do organismo, mas os  mantem estacionado até que o equilíbrio possa ser restabelecido.

A segunda linha de defesa é o sistema respiratório que também entra em ação em poucos minutos atuando através da eliminação ou retenção de CO2 e, consequentemente, balanceando o déficit ou o excesso de ácido carbônico (H2CO3) do organismo.

Já os rins, atuam como terceira linha de defesa, agindo de forma mais lenta através da eliminação do excesso de ácido ou de base do organismo. Embora lentos para responder, eles são a única forma efetiva de alteração na concentração de H+ no decurso de dias ou semanas. Sendo considerado o sistema regulador ácido-básico mais potente.

Um tampão é qualquer substância que possa ligar-se ao H+ para formar um ácido fraco. Ácido fraco é aquele com pouca capacidade de liberar suas moléculas. O sistema tampão quantitativamente mais importante no líquido extracelular é o bicarbonato, principalmente por ser um sistema aberto, ou seja, o H2CO3, encontra-se em equilíbrio com o CO2 dissolvido, o qual é imediatamente removido pela ventilação. 

A ventilação remove o CO2 da reação, impedindo-o de atingir equilíbrio com os reagentes. Consequentemente, a atividade de tamponamento pode continuar sem ser retardada ou interrompida: 
                               
   A partir desta reação química, é possível deduzir a Equação de Henderson – Hasselbach fundamental para o entendimento do equilíbrio acidobásico:                                                                                                        
  Assim, é possível concluir que a manutenção do pH depende, fundamentalmente da função renal (numerador da equação) e da função respiratória (denominador da equação).
                    

Interpretação da gasometria arterial

A interpretação de uma gasometria arterial é iniciada pela verificação do pH, que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer. O pH é uma transformação matemática (pH= -log[H+]) que varia inversamente com concentração de H+. O seu valor de normalidade é de 7,35 a 7,45. Quando o H+ aumenta, o valor do pH diminui, e vice-versa. A diminuição do pH do sangue é chamada acidemia, enquanto o distúrbio que causou recebe o nome de acidose. Do mesmo modo, o aumento do pH do sangue, alcalemia, é causado pelo distúrbio chamado alcalose.    

Logo após a verificação do pH, deve-se avaliar a presença de distúrbio ácido-básico (DAB) respiratório ou metabólico,  através da PaCO2 e o HCO-3. O valor de normalidade da PaCO2 é de 35 a 45 mmHg e do HCO-3 de 22 a 26 mmHg. Deste modo, se a PaCO2 estiver aumentada ou diminuída estes distúrbios são referidos como acidose e alcalose respiratórias respectivamente. E se a concentração plasmática do HCO3-estiver diminuída ou aumentada estes distúrbios são referidos como acidose e alcalose metabólicas respectivamente.

O passo seguinte é observar sinais de compensação. Como o pH sanguíneo depende  da relação HCO-3/ PaCO2, sempre que houver um DAB metabólico, o organismo estabelecerá uma resposta respiratória, sendo o inverso verdadeiro. Assim também como uma acidose é compensada por uma alcalose, e vice-versa. Com exceção nos casos de distúrbios leves.

Por fim, avalia-se a oxigenação a partir da PaO2 e da SaO2. Quando o valor da PaO2 encontra-se < 70 mmHg e a SaO2 < 92% apresenta uma hipoxemia, e quando o valor da PaO2 é >100 mmHg e a SaO2 em 100% apresenta uma hiperoxemia.

Referências Bibliográficas

GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 11ª ed., 2006.

MACHADO, Maria da Glória Rodrigues. Bases da fisioterapia respiratória: terapia intensiva e reabilitação. - [Reimpr.]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

MOTA, I. L; QUEIROZ, R. S de. Distúrbios do equilíbrio ácido básico e gasometria arterial: uma revisão crítica. Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010.

ULTRA, Rogério Brito. Fisioterapia Intensiva. 2 ed. – Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009.


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