quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Entrevista proferida pelo Prof.Dr.Daniel Xavier ao Instituto Imparare/UNIP de São Paulo. Pauta: Fisioterapia em oncologia



 Entrevista proferida pelo Prof.Dr.Daniel Xavier ao Instituto Imparare/UNIP de São Paulo. Pauta: Fisioterapia em oncologia


1. A atuação do profissional na Unidade de Terapia Intensiva já exige um conhecimento amplo e específico. Quais particularidades destacam-se quando esta atuação se faz no cuidado ao paciente oncológico? É um mundo totalmente diferente quando falamos especificamente do manejo do paciente crítico oncológico internado na unidade de tratamento intensivo. As particularidades e especificidades inerentes a este tipo de paciente, exige uma formação e conhecimentos específicos e pertinentes ao paciente oncológico. O conhecimento da patologia, estadiamento, intervenção cirúrgica, exames complementares e utilização de protocolos para a reabilitação são imprescindíveis.

2. É característica fundamental o trabalho interdisciplinar? É imprescindível. Não apenas das ditas grandes áreas de saúde que reconhecidamente compõe a unidade de terapia intensiva; composto por médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. A intervenção frente ao paciente oncológico exige a atuação de outros profissionais a saber: psicólogos, nutricionistas, odontólogos e fonoaudiólogos. O universo das patologias é enorme e o câncer precisa ser observado e encarado, não apenas como uma doença, mas uma condição patológica multifatorial, onde o comprometimento vai além do físico e funcional, transpassando as condições psiquicas e emocionais. Todas as classes profissionais voltadas a saúde, são requeridas no tratamento do paciente oncológico.

3. Com os estudos que se apresentam, indicando aumento do número de casos de câncer no Brasil, como o senhor vê a demanda nas UTIs por profissionais de fisioterapia especializados em oncologia? É a doença que vem se mantendo constante aos longo das décadas e aumentando a sua incidência, ao contrario das demais doenças que vem decrescendo sua incidência, com exceção apenas das doenças cárdio vasculares. Ao contrário dos demais grupos de patologias, e diante do aumento da expectativa de vida não apenas no Brasil mas como no mundo, a perspectiva é que a partir de 2030-2050, segundo a OMS, seja o grupo mais incidente de doença nos seres humanos. Quando falamos de câncer e diante do desenvolvimento tecnológico e na prestação dos serviços em saúde, bem como a possibilidade de detecção precoce do câncer, faz com que o processo de cura seja cada vez mais recorrente e diante deste cenário, o fisioterapeuta especialista em fisioterapia em oncologia é imprescindível, uma vez que a funcionialidade, a reintegração social e laboral e a qualidade de vida, são objetivos diretos da reabilitação fisioterapêutica. É um mercado em ascensão como nenhuma outra especialidade da fisioterapia. a uti oncológica é um serviço especializado totalmente diferente de outras unidade de tratamento intensivo e necessitará de profissionais especializados e voltados especificamente ao manejo do paciente oncológico. A especialização em fisioterapia em oncologia será o fiel da balança na contratação dos profissionais que lidam com pacientes oncológicos. Lembro ainda que profissionais com formação teórico e prático tem a maior possibilidade de proporcionar um atendimento profissional e que visa a integralidade do paciente acometido pelo câncer.

4. Lidar com a área oncológica requer, além do conhecimento técnico, o componente emocional e preparo para tomada de decisões rápidas em uma UNTI, havendo situações de emergência. Lidamos com o paciente em condições de recuperação e o paciente em situação terminal. O curso aborda estas questões.
.Nós fisioterapeutas somos acostumados à reabilitação, ao retorno da funcionalidade e a recuperação integral do paciente. Nossa formação é pautada em buscar incessantemente a recuperação total; A morte e o seu processo muitas vezes são encarados como derrota. Na verdade, talvez não sejamos doutrinados a entender que a morte é um processo natural e portanto, não deve ser encarada como uma derrota. A experiência adquirida durante tantos anos de terapia intensiva oncológica me mostrou que a formação técnica e prática são imprescindíveis, entretanto, são vazias se não compreendermos que enquanto profissionais da saúde, teremos que lidar com situações adversas e que exigem ao máximo nossa capacidade técnica e emocional, onde a morte é factível. Quando falamos em pacientes em situação terminal, lembramos que a fisioterapia está inserida e consolidada no que tange os processos relacionados aos cuidados paliativos. Nossa atuação é primordial, uma vez que confere dignidade ao paciente e colabora de maneira relevante com a equipe multiprofissional no processo e no manejo dos cuidados paliativos.

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