Relação
Ventilação/Perfusão
Pós graduanda: Raimecilane Martins Vieira
Coordenador da pós graduação em terapia intensiva: @intensivistaxavier
A relação V/Q é a
inter-relação direta entre o ciclo sanguíneo e o ciclo pulmonar. Desta forma o
equilíbrio entre o sangue e o gás determina a eficácia das trocas gasosas.
Primeiramente a Ventilação é
caracterizada pela passagem do ar pelas VA. O ar entra pelas vias aéreas
durante o ato inspiratório, realizado pelos músculos ventilatórios,
principalmente pela atuação do diafragma. Em seguida, o ar será expelido dos
pulmões durante a expiração que, em repouso, segundo alguns autores, é passiva.
Fisiologicamente este mecanismo é realizado de forma involuntária, entretanto,
a ventilação pode, por vezes, ser realizada de forma voluntária.
A ventilação nos pulmões
ocorre de forma desigual; estas variações dependem, basicamente, da postura
adotada pelo indivíduo, isto é, da ação da gravidade ou de patologias
pulmonares associadas que, porventura, venham a reduzir a capacidade de
ventilação. Por exemplo, um indivíduo sem comprometimento pulmonar prévio, em
posição ortostática vai apresentar uma ventilação melhor nas bases do que nos
ápices, pois o peso do pulmão reduz o tamanho dos alvéolos neste ponto. Desta
forma, durante a inspiração ocorrerá uma variação maior de volume, tornando as
bases pulmonares mais ventilada.
A Perfusão é caracterizada
pela passagem do sangue pelo capilar pulmonar, carreando O², para nutrir nos
tecidos. Esta depende intimamente do débito cardíaco, ou seja, das funções
contráteis dos ventrículos direito e esquerdo, frequência cardíaca, retorno
venoso e resistência vascular periférica.
Da mesma forma que a ventilação
é desigual no pulmão, com a perfusão não é diferente. As bases pulmonares são
mais ricas em capilares pulmonares do que os ápices.
Entretanto novamente
analisando a ventilação/ perfusão agora podemos observar que esta acontece de
forma bem diversificada. Se analisarmos deforma regional, obteremos uma relação
V/Q melhor nas bases pulmonares. Não devemos confundir melhor com maior, a
relação V/Q é maior nos ápices pulmonares do que nas bases, pois neste ponto a
perfusão é muito inferior em relação à ventilação, então, entende-se que as
trocas gasosas são mais eficazes nas bases, em um pulmão sadio. O desequilíbrio
da relação V/Q leva sempre à hipoxemia.
Existem situações que levam
ao desequilíbrio da relação V/Q,sendo elas: Efeito Shunt (onde o capilar
pulmonar esta perfundido, porém não há ventilação alveolar) e o Efeito espaço
morto (onde o alvéolo está sendo ventilado perfeitamente, porém não há perfusão
adequada no capilar).
Tendo em vista o uso do
posicionamento na terapêutica respiratória como recurso de reexpansão, tem como
base as propriedades fisiológicas da distribuição da ventilação e o efeito
sobre o clearancemucociliar(efeito gravitacional). O efeito gravitacional e a
pressão pleural mais próxima da pressão alveolar, ou seja, exercendo pouca
tração sobre essas unidades alveolares ou resultando em uma pressão
transpulmonar menor.
Na prática clínica dos
fisioterapeutas que atuam em unidade de terapia intensiva, o recurso
terapêutico da variação de posicionamento e muito utilizado como técnica de
drenagem postural ou como recurso para favorecer a reabertura de unidades
colapsadas. Um paciente com atelectasia em lobo médio direito, por exemplo, é
comumente colocado em decúbito lateral esquerdo, acreditando-se que a pressão
transpulmonar do lado contralateral contribua para a reabertura da atelectasia.
Para uma região colapsada,
posiciona-lá mais superiormente, onde durante o repouso há uma pressão
transpulmonar maior, favoreceria a abertura de unidades alveolares. O mesmo
princípio pode ser adotado na lesão unilateral, dependendo do objetivo a ser
alcançado. O colapso causado por obstrução brônquica pode ser favorecido pelo
posicionamento, porém a localização da obstrução em vias aéreas mais
periféricas ou mais centrais pode influenciar na decisão do posicionamento a
ser adotado.
Já o paciente respirando com
suporte ventilatório com pressão positiva tem sua fisiologia da respiração
alterada; a pressão alveolar torna-se positiva durante o repouso com a
aplicação da PEEP. O posicionamento deixa de ter os efeitos citados,
principalmente durante o repouso e, se uma doença pulmonar estiver presente, a
lógica de distribuição do ar inspirado segue o caminho de menor resistência.
Referências
bibliográficas
Fisioterapia em UTI/
editores George Jerre Vieira Sarmento, Joaquim Minuzzo Veja, Newton Sérgio
Lopes- São Paulo : Atheneu Editora, pag127-128, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário