segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Unidade de Tratamento Intensiva Oncológica

A Fisioterapia em oncologia: O Nascimento de uma nova especialidade

 Autor: Daniel Xavier
O ano de 2009 com o reconhecimento da fisioterapia onco-funcional como especialidade fisioterapêutica, coroou a luta incessante de todas as organizações e entidades que agiam em prol de uma melhor prestação de serviços fisioterapêuticos, contemplando o profissional habilitado para lidar com as nuances e especificidades inerentes tão somente ao paciente oncológico34,22.
Conforme a resolução nº. 364/2009 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), de 20 de Maio de 2009 e publicado no DOU nº. 112, Seção 1, em 16/6/2009, página 42, Reconhece a Fisioterapia Onco-Funcional como especialidade do profissional Fisioterapeuta e dá outras providências:
“… Considerando a necessidade de prover, por       meio de uma assistência profissional adequada e específica, as exigências clínico-cinesiológico-funcionais dos         indivíduos portadores de débitos funcionais, decorrentes          de        doenças oncológicas.”
O fisioterapeuta, assim como os demais profissionais da área da saúde estão sujeitos a presenciarem frequentemente situações de óbito, devendo este estar preparado para tais ocorrências. No entanto, durante os cursos de formação profissional, primou-se pela qualidade técnico-científica, subvalorizando os aspectos humanistas. Os cursos de fisioterapia raramente abordam as necessidades dos pacientes terminais e tampouco o tema morte, resultando em profissionais que se baseiam somente em conceitos técnicos e dão pouco crédito aos relatos do paciente22.
Quando o profissional está apto a prever as possíveis complicações, consequentemente estará mais bem preparado para o caso destas ocorrerem. A ocorrência de úlceras de decúbito, infecções, dispneia ou parada cardiorrespiratória, são alguns exemplos de complicações que se forem deixados para terem seus cuidados decididos na hora em que acontecem podem levar a tomada de decisões equivocadas ou errôneas, além de causar um custo adicional ao tratamento desta complicação24,22 .
A terapia física, a seleção de técnicas deve respeitar sua utilidade e os resultados esperados. Implementar técnicas fisioterapêuticas sem estabelecer objetivos claros gera insegurança para o profissional e diminuem a confiança do paciente. O benefício a ser buscado é preservar a vida e aliviar os sintomas, dando oportunidade, sempre que possível, para a independência funcional do paciente24,25.
A fisioterapia onco-funcional é uma especialidade que tem como objetivo preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade cinético-funcional de órgãos e sistemas do paciente, assim como prevenir os distúrbios causados pelo tratamento oncológico19.
O fisioterapeuta onco-funcional deve estar apto para desenvolver suas atividades com pacientes infantis, adolescentes, adultos jovens e idosos, em situações que vão desde a cura aos casos em que ela é irreversível, e desenvolver seus programas de tratamento dentro deste contexto22. O profissional dessa área deve saber lidar com as sequelas próprias do tratamento oncológico, atuando de forma preventiva para minimizá- las19,34.
A existência de poucos trabalhos que contemplam a fisioterapia onco-funcional reflete a contextualização de uma das mais recentes especialidades do fisioterapeuta. Imperioso, portanto, que as instituições, bem como os profissionais que desenvolvem seu trabalho com este grupo específico de pacientes, procurassem e disponibilizassem cursos de aprimoramento profissional e que sejam ofertadas maiores possibilidades de especializações nesta área única da atuação fisioterapêutica 34.
Entrementes, é necessário também que as Instituições de Ensino Superior (IES), reformulem as suas grades curriculares de forma a oferecerem para seus graduandos à possibilidade de vivenciarem em caráter teórico-prático a área da oncologia. Fundamentando, portanto, a formação integral do futuro profissional com experiência e vivência em todas as especialidades que contemplam a fisioterapia atualmente34 .

A Unidade de Tratamento Intensiva Oncológica


A fisioterapia dedicada ao paciente crítico tem seu início no mundo na década de 1950 com a crise da poliomielite. Inicialmente tinha seu enfoque na assistência ventilatória com manuseio dos ventiladores não invasivos chamados de pulmão de aço (Iron Lung). Após este período, vem sido incorporada ao atendimento dos pacientes principalmente no aspecto respiratório, a chamada fisioterapia pneumo-funcional, e a neurológica então neuro-funcional15.
No ano de 2011 através da resolução COFFITO Nº 392, de 04 de outubro de 2011 -(DOU nº. 192, Seção 1, em 05/10/2011, página 160)  - Reconhece a Fisioterapia em Terapia Intensiva como especialidade do profissional fisioterapeuta o que estabelece normas e diretrizes que nortearão a formação de profissionais habilitados e capacitados no manejo do paciente criticamente enfermo internado na UTI.
Nos últimos anos, avanços nos cuidados dos pa­cientes com câncer possibilitaram maior probabilidade de controle ou cura da doença. Entretanto, os usos de tratamentos quimioterápicos e cirúrgicos mais agressivos implicam diretamente na maior utilização de lei­tos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)19. Também, na última década, estudos têm demonstrado que os avanços recentes nos cuidados intensivos se traduziram na redução da mortalidade de pacientes críticos com câncer, mesmo em populações de maior risco como pacientes com sepse ou submeti­dos à ventilação mecânica21.
Uma UTI de hospital oncológico guarda características próprias em relação às UTIs gerais, pois permite admissão de pacientes que não teriam espaço em outras unidades por questões éticas e necessidade constante de rotatividade pela falta de vagas2.
Entretanto, ainda que o papel da fisioterapia intensiva atualmente esteja bem estabelecido dentro dos critérios de inclusão e atuação como componente da equipe interdisciplinar, o seu papel em áreas específicas como a prestação de serviços em uma UTI oncológica, carece de respaldo técnico-científico34.
As particularidades inerentes a estes clientes como o caráter progressivo de suas disfunções clínicas, a mielossupressão, a maior predisposição às infecções das vias respiratórias, a caquexia, a plaquetopenia, as alterações cinético-funcionais provenientes da intervenção cirúrgica e das técnicas adjuvantes ao controle/combate da neoplasia, parecem em um primeiro momento contra-indicar ou no mínimo tornar o processo fisioterapêutico menos atuante27,34.
A intervenção fisioterapêutica em pacientes oncológicos é relativamente recente, a sua aceitação enquanto medida terapêutica efetiva ainda é controversa, na medida em que a existência do paradigma câncer-morte ainda impera e resiste na mentalidade e no manejo do cliente oncológico34.
Em todos estes pacientes, o câncer e sua intervenção terapêutica necessária muitas vezes produzem significativa perda funcional permanente ou em longo prazo, requerendo reabilitação para retorno do indivíduo à independência funcional e para melhorar a qualidade de vida2.

A fisioterapia intensiva em oncologia apresenta um considerável leque de possibilidades terapêuticas para o manejo do paciente grave internado nas UTIs, entretanto, as indicações e contra-indicações das manobras usuais, bem como seus objetivos terapêuticos, se mostram insuficientes como norteadores dos procedimentos e das condutas profissionais, principalmente ao estendermos a prestação de serviço ao cliente oncológico 34.
Insta: @intensivistaxavier
Site: www.fisioterapiamanaus.com.br

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