sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Suporte Ventilatório Na Sepse

Suporte Ventilatório Na Sepse


Introdução

Sepse é uma resposta sistêmica a uma infecção. Segundo a Conferência Internacional de Definição de Sepse, 1992, a sepse foi classificada e definida como:
Sepse – Resposta inflamatória sistêmica secundária à um processo infeccioso;
Sepse Grave – Presença de disfunção orgânica secundária a uma sepse;

Choque Séptico – Instabilidade cardiovascular persistente mesmo após uma reposição volêmica adequada, necessitando de vasopressores.

O I Consenso Brasileiro de Sepse, 2002 definiu os critérios para diagnósticos de sepse, sendo síndrome da resposta inflamatória sistêmica – SIRS como uma resposta do organismo a um insulto variado (trauma, pancreatite, grandes queimaduras, infecções sistêmicas), com a presença de pelo menos dois dos critérios abaixo:

Febre – Temperatura corpórea > 38 °C ou hipotermia < 36°C;
Taquicardia – Frequência cardíaca > 90bpm;
Taquipneia – Frequência respiratória > 20irpm ou PCO2 < 35mmHg;
Leucocitose ou leucopenia – leucócitos > 12000 ou < 4000 ou a presença de 10% de formas imaturas (bastões).

A grande maioria destes pacientes sépticos evoluem para um quadro de disfunção respiratória (seja ela primária ou secundária à sepse), necessitando, assim, de um suporte ventilatório.

A resposta inflamatória altera a permeabilidade da membrana capilar, provocando extravasamento de líquido para o interstício pulmonar, além de redução do surfactante com consequente colapso alveolar. Tal quadro resulta em uma alteração da relação PaO2/FiO2, gerando uma hipoxemia. Assim, esses pacientes encontrar-se-ão em estado de Lesão Pulmonar Aguda – LPA ou Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo – SRDA, o que requer um suporte avançado de vida.

Uso de Ventilação Mecânica Não Invasiva - VNI

Apesar de seu uso estar hoje amplamente difundido, as evidências mostram que tal procedimento é eficaz apenas em seletos grupos de pacientes, a saber, evitar a intubação orotraqueal ou facilitar a desintubação em pacientes com DPOC, EAP cardiogênico e em pacientes imunossuprimidos. Nas duas primeiras situações, ocorre usualmente uma rápida recuperação, ao passo que nos iminossuprimidos existe potencial benéfico em termos de riscos de infecções associado à intubação.

Não há estudos sobre o uso de VNI específico no séptico. Assim, as recomendações sugestivas deste procedimento são derivadas de estudos em pacientes com Insuficiência Respiratória Hipoxêmica – IRH, população heterogênea que incluem pacientes com pneumonia, LPA, SDRA, tais situações muitas vezes relacionadas à sepse. (B)

O objetivo da VNI na IRH é evitar a intubação, proporcionando menor risco de pneumonia, uso de sedativos e tempo de internação. Contudo, vale ressaltar que na LPA/SRDA secundária à sepse, protelar uma intubação pode ser deletério, com aumento da taxa de mortalidade (B)
Em pacientes imunossuprimidos e com IRH, a VNI parece estar associada a melhores prognósticos, fato esse possivelmente associado à diminuição do risco de PAV. (A)

Outros estudos avaliaram possíveis fatores de falha da VNI e mostraram que em pacientes com SRDA instalada, pneumonia grave, idade maior que 40 anos, acidose metabólica, choque, ou persistência de relação PaO2/FiO2 baixas após 1 hora de tratamento têm maior probabilidade de insucesso. (B)

Ventilação Mecânica Invasiva – VMI


A LPA ou SRDA, frequentemente acompanha os quadros de sepse grave e o uso da VMI por si só é lesiva para estes pacientes, podendo desencadear VILI. Esta lesão ocorre quando as unidades alveolares dão hiperdistendidas, seja pelo alto volume corrente aplicado ou pela alta pressão alveolar (P. platô) e pelo mecanismo da força de cisalhamento nos alvéolos.
Para prevenção deste agravante, utiliza-se a estratégia de ventilação protetora, pelo uso de baixos VC, limitação da P. platô e PEEP para manter alvéolos abertos. (A) (ARDSnet)

Posição Prona:

A posição PRONA vem sendo empregada há anos nas UTI’s. por um lado, parece ser uma estratégia adequada para recrutamentos de unidades alveolares, melhorando a relação PaO2/FiO2 sem os malefícios potencias da hiperdistensão alveolar que ocorre com o emprego da PEEP elevada.
A posição PRONA é uma forma mais fisiológica de otimizar a oxigenação, pois não cursa com instabilidade hemodinâmica. (A)
REFERÊNCIAS

I Consenso Brasileiro de Sepse-Parte1, 2002. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, disponível em: www.amib.org.br.

Machado, F.R.; Assunção, M.; Silva, E.; Salomão, R.; Bernardo, W.M.: Sepse: Ventilação Mecânica, 2011. Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar; Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar – AMB/ANS.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Viabilidade de incorporação de novos instrumentos na fisioterapia em oncologia na UTI

INSTITUTO AMAZONENSE DE APRIMORAMENTO E ENSINO EM SAÚDE – IAPES
PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA ADULTO, PEDIÁTRICO E NEONATAL

Pós Graduanda: Lucimar Costa
Coordenador: Daniel Xavier
Teste Time Up and Go

            O teste time up and go (TUG) é um instrumento utilizado em pesquisas, clinicas por ser de fácil aplicabilidade, para avaliar o risco de quedas, a mobilidade e o equilíbrio corporal estático e dinâmico de idosos. Nele é criado um risco de queda facilitado pelo levantar, caminhar, girar o corpo e sentar; movimentos que são solicitados na realização do teste. Com o objetivo de avaliar o equilíbrio sentado, transferências de sentado para em pé, estabilidade na deambulação e mudança de curso da marcha sem utilização de estratégias compensatórias.

Na execução do TUG é solicitado ao paciente que se levante de uma cadeira sem braço, calçando seu próprio calçado ou não, deambule por 3 metros, faça um giro de 180°, retorne e sente-se na mesma cadeira. O paciente é instruído previamente de como realizar o teste, a caminhar na sua velocidade e passos habitual, além do examinador acompanha-lo durante todo o exame para sua segurança. O tempo de realização dessa tarefa é cronometrado a partir de momento em que o paciente desencosta a coluna da cadeira e parado quando retorna a encostar.



            Os resultados indicam: TUG até 10 segundos – indivíduos independentes, sem alterações de equilíbrio e com baixo risco de quedas; TUG entre 11 a 20 segundos – indivíduos independentes, com razoável equilíbrio e velocidade de marcha e médio risco de quedas; TUG maior que 20 segundos – indivíduos com necessidade de intervenção, dificuldades para as tarefas de vida diárias que exigem equilíbrio, velocidade da marcha e capacidade funcional; TUG maior que 30 segundos – indivíduos dependentes em atividades de vida diárias (AVD’S), com mobilidade alterada e com riscos de cair.




Teste de caminhada de 6 minutos

Considerado um teste submáximo por o consumo de oxigênio atingir o platô, mas não chegar ao valor máximo; o teste de caminhada de seis minutos (TC6) é usado para avaliar a resposta de um paciente ao exercício e sua capacidade funcional, possibilitando uma análise global dos sistemas respiratórios, cardíaco e metabólico. As principais vantagens do TC6 são sua simplicidade e necessidade de equipamentos mínimos para a execução, além do fato de que sinais e sintomas vitais podem ser medidos durante o teste. Tratando de um teste barato e de ampla reprodutibilidade já que caminhar é uma atividade de vida diária (AVD), que quase todos os pacientes são aptos de efetuar, com exceção dos pacientes que são mais atingidos por alguma doença.

            De acordo com a American Thoracic Society (ATS), a indicação mais precisa para a realização do TC6 é a presença de doença pulmonar ou cardíaca leve ou moderada, nas quais o teste é usado para medir a resposta ao tratamento e predizer a morbidade e mortalidade (Morales-Blanhir, etal.,2011). Nas contra-indicações absolutas esta presente a angina instável e o infarto agudo do miocárdio recente. Ja nas contra-indicações relativas encontra-se a freqüência cardíaca de repouso maior que 120 bpm, a pressão arterial sistólica maior que 180mmHg, pressão arterial diastólica maior que 100 mmHg. Além disso, antes da realização do teste, deve ser investigada a presença de arritmias graves nos últimos seis meses (Britto e Sousa, 2017).

Antes da realização do teste o paciente devera esta em repouso por no mínimo 10 minutos, nesse período deve ser feita a coleta de dados da pressão arterial, oximetria de pulso, frequência cardíaca, frequência respiratória e nível de dispneia por meio da escala de Borg modificado. Deve-se também registrar esses dados durante e após o teste. Para execução do TC6 é necessária uma pista ou corredor com no mínimo 30 metros, sem fluxo de pessoas, onde o paciente devera caminhar em ritmo próprio e rápido, porem sem correr por 6 minutos. O avaliador não precisará caminhar junto com o paciente, somente se for necessário. Deve ser efetuado um treinamento prévio onde será realizado dois testes com intervalos de 15 minutos no mínimo para descanso, visando eliminar o efeito aprendizado e assegurar a reprodutibilidade do exame; caso ocorra uma diferença superior a 10% da distância caminhada entre as duas repetições terá que ser feito um terceiro teste. Durante o exame deve ser utilizado a cada minuto frases de incentivo padronizadas. Caso a oximetria de pulso apresente valores abaixo de 85% deve ser interrompido o exame e instituída a oxigenoterapia. Passado os 6 minutos o teste é finalizado e os dados vitais registrados no inicio deverão ser novamente avaliados e será calculada a distância percorrida pelo paciente.


Para cálcular o valor esperado ou de referência, para a distância no TC6, as equações propostas por Enright e Sherril, é a mas utilizada para determinar o percentual do previsto para cada teste executado pelo paciente:
Homens: distância TC6 (m) = (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso kg) – 309m.
Mulheres: distância TC6 (m) = (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso kg) – (5,78 x idade) + 667m.


Embora não seja necessária a presença de um medico no local da realização do exame. Faz-se essencial que esse local tenha acesso imediato a equipamentos de emergência pois os pacientes podem ter problemas cardiovascular. Além  de que o técnico que aplique o teste seja certificado em ressuscitação cardiopulmonar ou tenha acesso rápido a um telefone ou outros meios de comunicação para conseguir ajuda.



Referências Bibliográficas:.

1.     Almeida, Sionara Tamanini de, et al. "Análise de fatores extrínsecos e intrínsecos que predispõem a quedas em idosos." Rev Assoc Med Bras (2012): 427-433.

2.     Britto, Raquel Rodrigues, and Lidiane Aparecida Pereira de Sousa. "Teste de caminhada de seis minutos uma normatização brasileira." Fisioterapia em movimento 19.4 (2017).

3.     Bretan, Onivaldo, et al. "Risco de queda em idosos da comunidade: avaliação com o teste Timed up and go." Brazilian Journal of otorhinolaryngology 79.1 (2013).

4.     Cavallazzi, Tatiane G., et al. "Avaliação do uso da Escala Modificada de Borg na crise asmática." Acta Paulista de Enfermagem 18.1 (2005).

5.     de Lima Paula, Fátima, Edmundo de Drummond Alves Junior, and Hugo Prata. "TESTE TIMED “UP AND GO”: uma comparação entre valores obtidos em ambiente fechado e aberto." Fisioterapia em Movimento 20.4 (2017).

6.     Fernandes, Pâmela Matias, et al. "Teste de Caminhada de Seis Minutos: avaliação da capacidade funcional de indivíduos sedentários." Rev Bras Cardiol 25.3 (2012): 185-191.

7.     Lopes, Kedma Teixeira, et al. "Prevalência do medo de cair em uma população de idosos da comunidade e sua correlação com mobilidade, equilíbrio dinâmico, risco e histórico de quedas." Brazilian Journal of Physical Therapy/Revista Brasileira de Fisioterapia 13.3 (2009).

8.     Morales-Blanhir, Jaime Eduardo, et al. "Teste de caminhada de seis minutos: uma ferramenta valiosa na avaliação do comprometimento pulmonar." Jornal Brasileiro de Pneumologia 37.1 (2011): 110-117.

9.     Moreira, Maria Auxiliadora Carmo, Maria Rosedália de Moraes, and Rogério Tannus. "Teste da caminhada de seis minutos em pacientes com DPOC durante programa de reabilitação." J Pneumol 27.6 (2001): 295-300.


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