quarta-feira, 29 de junho de 2016

A influência do ortostatismo passivo no paciente oncológico na UTI da FCECON AM

Resumo
          A reabilitação prematura na UTI busca promover melhora da função respiratória, do posicionamento correto e de todas as implicações deletérias causadas pelo imobilismo. O ortostatismo passivo realizado por meio de uma prancha ortostática promove a mobilização do indivíduo beneficiando com a melhora do quadro funcional. Objetivos: Mostrar os benefícios do uso da prancha ortostática bem como avaliar os efeitos hemodinâmicos no paciente oncológico. Procedimentos metodológicos: Estudo de caso em um paciente oncológico que foi submetido ao ortostatismo passivo com auxílio de prancha ortostática de forma progressiva partindo de 0º até atingir aproximadamente 90° permanecendo por cinco minutos e retornando gradativamente para posição inicial. Resultados:Durante a execução do procedimento os sinais vitais apresentaram-se satisfatórios e ocorreu leve aumento da SpO2. O paciente demonstrou mais independência no posicionamento. Conclusão: A prancha ortostática pode ser considerada uma ferramenta para promover a mobilização de pacientes na UTI, melhorando a funcionalidade dos enfermos.
          Unitermos: Terapia intensiva. Fisioterapia. Reabilitação. Mobilização precoce.

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

Autor: Daniel Xavier 
Introdução
    No Brasil é pouco empregado o uso do ortostatismo com o auxílio da prancha ortostática, e, além disso, há poucos estudos científicos baseado neste equipamento. Dentre outras práticas recomendadas ao paciente crítico, a prancha ortostática, promove os benefícios do ortostatismo assistido, que incluemdeslocamento do paciente, ganho de força em membros inferiores, prevenção de atrofia muscular, facilitação no transcorrer do desmame ventilatório, melhora da oxigenação e da ventilação alveolar (Luque et al., 2010).
    Na unidade de terapia intensiva (UTI) a reabilitação precoce consiste em técnicas com a finalidade de melhorar a função respiratória, mobilização passiva e ativa, posicionamento adequado do paciente no leito, implantação e supervisão de ventilação não invasiva (VNI) e possíveis ajustes, auxílio da intubação, supervisão de desmame do ventilador mecânico, aspiração e extubação (Norrenberg, 2006).
    O fisioterapeuta intensivista é o profissional que se dedica ao atendimento do paciente crítico, efetuando diagnósticos e terapias cinesio-funcionais. Sua importância é reconhecida na Política de Atenção ao Paciente Crítico a qual prevê sua obrigatoriedade em regime exclusivo nas Unidades de Terapia Intensivo (UTIs) em turno manhã, tarde e noite. É função de o profissional fisioterapeuta elaborar o prontuário fisioterapêutico com os diagnósticos, tratamentos funcionais e finalização de alta. Como agente promotor da fisioterapia, deve ser o coordenador dos procedimentos fisioterápicos, orientando os componentes das Unidades, sobretudo técnicos, e sendo o realizador principal dessa atividade (Ferrari, 2009).
    O corpo humano tem que se manter constantemente em movimento. Basta sete dias de imobilismo para diminuir em aproximadamente 30% da força muscular, e diante disto, ocorrerá a cada semana seguinte uma perda gradativa de 20% da força muscular que restou. Quanto maior o tempo de internação em uma UTI sob o uso de prótese ventilatória por pressão positiva, maior é a decadência funcional, morbimortalidade e aumento dos gastos hospitalares. A fraqueza está associada além do próprio uso da ventilação mecânica, ao excesso de sedativos, bloqueadores neuromusculares, corticosteroides. Afeta tanto a musculatura esquelética quanto a respiratória, e, consequentemente, acarretará em um desmame difícil, dificultando assim o processo de extubação (Sibinelli et al., 2012).
    O paciente admitido na UTI deve ser submetido aos exercícios fisioterápicos prematuramente seja ativo seja passivo. O exercício passivo proporciona prevenção ou minimiza a atrofia muscular, além disso, ambular de forma prematura, o uso de faixas com resistência, eletroestimulação neuromuscular, cicloergômetro e o ortostatismo passivo ou ativo também trazem esses benefícios, entre tantos outros (Luque et al., 2013). Dentre as práticas recomendadas ao doente crítico está a utilização da prancha ortostática (PO) que induz os benefícios da postura vertical (Gosselink et al., 2009). Seu uso passivo pode promover benefícios hemodinâmicos e cardiorrespiratórios, como: o aumento da ventilação, melhora da relação ventilação-perfusão e melhora da função cardiorrespiratória. Através desse método, pode obter melhoras do nível de consciência em virtude do estímulo sensorial, neutralizar a postura flexora frequentemente adotada, e ainda, em virtude da descarga de peso bipodal, promover a prevenção de osteoporose por desuso (Chang et al., 2004).
    Este processo condiciona a estimulação do sistema motor, melhora da função cardiopulmonar, circulatório e o seu uso é uma readaptação do paciente na posição perpendicular, além da redução da pressão no tecido cutâneo, contraturas e orientação vestibular. Portanto, há a necessidade de monitorização dos sinais vitais durante este procedimento (Sibinelli et al., 2012).
    Alguns estudos referentes ao ortostatismo, que pode passivo quanto ativo, são considerados um recurso terapêutico com intuito de diminuir os efeitos deletérios ocasionados pela imobilização prolongada e citam efeitos pertinentes na prevenção da perda de massa óssea; equilíbrio do sistema hemodinâmico e aumento da resposta hemodinâmica na posição bípede; prevenção de contratura nas articulações; aumento da função urinária e intestinal, diminuição da formação de cálculos e promoção de alívio de pressões que ocorrem na posição sentada, reduzindo a incidência de úlceras por pressão e favorecendo a estimulação motora, melhora da troca gasosa, do estado de alerta, estimulação vestibular e facilitação da resposta postural antigravitacional, a prancha ortostática para assistência do ortostatismo é utilizada com intuito de readaptar os pacientes à posição vertical (Faghri et al., 2001; Jerre et al., 2007).
    O ortostatismo através da prancha ortostática é feita com a variação progressiva das angulações, onde a inclinação vai depender do objetivo da terapia e das respostas cardiovasculares associadas à atividade autonômica. Após posicionar o paciente na prancha em decúbito dorsal, e fixar as faixas de proteção, deve ser iniciada a inclinação partindo do ponto de (0° de inclinação) com progressivas evoluções da angulação. Preconiza-se para pacientes ambulatoriais inclinações máximas de 10 a 45 minutos. Não existe descrição na literatura sobre as respostas obtidas em pacientes na UTI. No entanto, alguns estudos iniciais demonstram respostas semelhantes às ocorridas na postura ortostática ativa (Sarmento, 2010).
    Conforme o III consenso Brasileiro de ventilação mecânica (2007), o ortostatismo é considerado um recurso terapêutico utilizado para a estimulação motora, melhora da troca gasosa e do estado de alerta (Souza et al., 2010). Seus benefícios incluem melhora no controle autonômico do sistema cardiovascular, facilitação da ventilação e troca gasosa, estimulação vestibular, facilitação da resposta postural antigravitacional, úlceras por pressão, osteoporose e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) (Winker, 2005; Jerre et al., 2007). Ainda sobre os efeitos benéficos ocasionados pelo uso da PO incluem deslocamento do paciente, ganho de força em membros inferiores, melhora do nível de consciência no coma, prevenção de atrofia muscular, facilitação no transcorrer do desmame ventilatório, melhora da oxigenação e da ventilação alveolar (Chang et al., 2004).
    A posição ortostática passiva ou ativa é recomendação D do III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica e é recomendada para àqueles que apresentam cronicidade e que estejam estáveis. Na postura passiva é empregada a prancha ortostática para o auxílio do enfermo que por algum motivo não é capaz de manter-se verticalmente e com isto reduz os efeitos causados pelo imobilismo. O estímulo sensorial é um desses benefícios que a posição vertical proporciona e a inibição da flexão de tronco que normalmente é adquirida. E é recomendação D desse mesmo Consenso que o exercício passivo em doentes internados em UTI sob VMI, favorece na prevenção dos efeitos adversos trazido pela inatividade do repouso prolongado ocasionando melhora da função circulatória e de manutenção muscular. Lembrando que, os idosos têm maior chance de desenvolver os efeitos negativos relacionados pelo imobilismo (Jerre et al., 2007).
Procedimentos metodológicos
    Este estudo foi baseado em artigos científicos e com o uso de uma prancha ortostática ISP® em um paciente em internação dentro da UTI da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCECON).
    Paciente E.O.S., sexo: M, pardo, 16 anos, com diagnóstico: neoplasia de mediastino + massa pulmonar, IRpA, síndrome da veia cava superior. No primeiro dia de realização da prancha ortostática, o paciente encontrava-se com 54 dias de internação na UTI, sob ventilação mecânica no modo: PSV, PS: 14 cmH2O, PEEP: 5 cmH2O, FiO2: 30%, obtendo aproximadamente um Vt: ± 0,581L/Min.
    O procedimento foi executado após a verificação dos sinais vitais que deveria estar sem anormalidades ou próximo dos valores ideais seguido de higiene brônquica por meio do Shaker (3 X 10 repetições) e em seguida realizado aspiração das vias aéreas. Logo, o enfermo foi colocado sob a prancha e progredindo com uma angulação gradativa para postura vertical com elevação de 15 em 15 graus e intervalos de um minuto entre elas. Quando alcançou 90 graus o mesmo permaneceu por 5 minutos, retornando gradativamente a postura inicial.
    A verificação dos sinais vitais foi analisada antes, durante e após o procedimento. Importante ressaltar que, o paciente foi orientado quanto ao processo com o intuito de promover tranquilidade na execução da técnica.
Resultados
    Durante o ortostatismo passivo o paciente apresentou os sinais vitais com valores satisfatórios com uma variação pouco significante, como demonstrados na Tabela 1 e Gráfico 1.
Tabela 1. Sinais vitais do primeiro dia de ortostatismo passivo

Gráfico 1. Sinais vitais do primeiro dia de ortostatismo passivo
Fonte: Arquivo dos pesquisadores
    Após dois dias foi refeito o procedimento e o paciente encontrava-se com 56 dias de internação na UTI, respirando em ar ambiente e verificou-se as variáveis de sinais vitais, de forma que seus valores mais uma vez não apresentaram-se com grande significância (Tabela 2 e Gráfico 2).
Tabela 2. Sinais vitais do segundo dia de ortostatismo passivo

Gráfico 2. Sinais vitais do segundo dia de ortostatismo passivo
Fonte: Arquivo dos pesquisadores
Discussão
    Podemos observar nos gráficos que a função hemodinâmica sofreu alteração não muito relevante durante o movimento passivo. Foram avaliadas a frequência cardíaca, a frequência respiratória e a pressão arterial, deixando claro que o indivíduo não sofreu riscos significantes. Já a SpO2, durante a fase de ortostatismo apresentou um leve aumento nos valores, demonstrando que ocorre uma melhora das trocas gasosas durante o ortostatismo passivo. Além disso, o paciente passou a realizar seus posicionamentos de forma mais ativa, evidenciando a melhora de seu quadro funcional.
    Este fato é confirmado por Chang, et al., que relatam que os benefícios do uso da prancha ortostática são: deslocamento do paciente, ganho de força dos membros inferiores, melhora do nível de consciência no coma, prevenção de atrofia muscular, facilitar o desmame ventilatório, prevenir úlceras de pressão, melhorar a oxigenação e ventilação alveolar (Chang et al, 2004).
Conclusão
    O uso da prancha ortostática no paciente acamado é um fator coadjuvante da fisioterapia, sob o aspecto custo-benefício justifica a inclusão dessa prática no protocolo de fisioterapia enquanto medida terapêutica eficaz e segura. Portanto, para maiores elucidações quanto à eficácia do método, faz-se necessário realizar mais estudos científicos randomizados.




Para trabalho na ´´integra: http://www.efdeportes.com/efd208/ortostatismo-passivo-no-paciente-oncologico.htm
Referências

  • Chang, At; Boots, R; Hodges PW; Paratz, J. (2004). Standing with assistance of a tilt table in intensive care: a survey of Australian physiotherapy practice. Australian Journal of Physics. v. 50: p. 51-54.
  • Faghri, P.D. et al. (2001). Circulatory hypokinesis and functional electric stimulation during standing in persons with spinal cord injury. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation. v. 82(11):1587-1595.
  • Gosselink, R; Bott, J; Johnson, M; Dean, E; Nava, S; Norrenberg, M; et al. (2009). Physiotherapy for adult patients with critical illness: recommendations of the European Respiratory Society and European Society of Intensive Care Medicine Task Force on Physiotherapy for Critically Ill Patients. Intensive Care Med. 34:1188-99.
  • Jerre, G., et al. (2007). III Consenso Brasileiro de ventilação Mecânica – Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica. Jornal Brasileiro Pneumologia. v. 3(19): p. 399-407.
  • Luque, A; Lanza, F. C; Martins, C. G. G.; Gazzotti, M. R.; Silva, M. S. S. (2010). Prancha ortostática nas Unidades de Terapia Intensiva da cidade de São Paulo. O mundo da saúde, São Paulo: v. 34(2): p. 225-229.
  • Norrenberg, N; Vincent, Jl. (2000). A profile of European intensive care unit physiotherapists. Intensive Care Med. 26:988-94.
  • Sarmento, G. J. V. (2010). Fisioterapia Respiratória no Paciente Crítico – Rotinas Clínicas. Ed.: 3, Barueri, SP: Manole, p. 675.
  • Sibinelli, Melissa; Maioral, Daniele Cristina; Falcão, Antônio Luis Eiras; Kosour, Carolina; Dragosavac, Desanka; Lima, Núbia Maria Freire Vieira. (2012). Efeito imediato do ortostatismo em pacientes internados na unidade de terapia intensiva de adultos. Rev Bras Ter Intensiva. 24(1):64-70.

terça-feira, 28 de junho de 2016

A fisioterapia em oncologia na dor oncológica

A fisioterapia em oncologia na dor oncológica



 Autor: Daniel Xavier 
Insta: @intensivistaxavier
www.fisioterapiamanaus.com.br

Fisioterapia para pacientes com câncer


Comumente, na presença de dor oncológica, os pacientes reduzem a sua movimentação e sua atividade física como um todo, ocasionando um comprometimento gradual do condicionamento físico, da força muscular, da flexibilidade e da capacidade aeróbica, fatores esses que com frequência levam o paciente à chamada síndrome da imobilização, a qual compromete a coordenação motora, reduz a amplitude de movimento articular e acarreta retrações tendíneas.

Assim como no pós-operatório, a cinesioterapia se torna um recurso de grande valia, visto que auxilia na restauração e na melhora do desempenho funcional dos segmentos acometidos, desenvolvendo propriocepção, o movimento, a força e o trofismo muscular, prevenindo a imobilidade no leito e devolvendo a amplitude de movimento articular (Sampaio et al,1999).

Estimulação nervosa elétrica transcutânea - (TENS) e outros recursos eletroterapêuticos
Segundo a Associação Internacional de cuidados paliativos e hospitalares, 2003(IAHPC) dentre as intervenções fisioterapêuticas para a dor, a eletroterapia traz rápidos resultados; todavia, o alívio é variável entre os pacientes. No entanto, não é possível tratar a dor oncológica apenas com a utilização de corrente analgésica, mas, de acordo com estudos, pode se diminuir de maneira significativa o uso de analgésicos e seus efeitos colaterais.

Outro estudo, utilizando TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea), verificou que o uso desta corrente diminui em até 47% o uso de morfina comparado com o TENS placebo (não ligada), ocorrendo também diminuição da percepção da dor através da Escala Análoga Visual, associada à incidência de náuseas e prurido de forma significativa (HAMZA, 1999).

O que determina a percepção individual de um estímulo doloroso é a "abertura" ou "fechamento" da comporta a esses estímulos. Como a condução elétrica da TENS ocorre através das grandes fibras mielínicas, as quais são altamente sensíveis à estimulação elétrica e de condução rápida, levando rapidamente a mensagem até a medula espinhal, o TENS pode propiciar um mecanismo que mantenha o portão fechado a esses estímulos. O mecanismo pelo qual é impedido esse trânsito ocorre através das fibras nociceptivas (condutoras de dor).

De acordo com Sampaio e colaboradores, quanto mais próximo da área afetada se puder aplicar a TENS, maior será a chance de inibir os estímulos nocivos. Esse processo de redução ou minimização da transmissão da dor é conhecido como neuromodulação. Portanto, esta corrente pode ser utilizada com segurança em pacientes oncológicos, todavia deverá ser aplicada onde a sensibilidade tátil estiver preservada e a pele estiver íntegra.

A estimulação elétrica é alcançada ligando a máquina de TENS a eletrodos, na pele dos pacientes, estimulando fibras mielínicas aferentes, o que reduz o impulso dos nociceptores à medula e ao cérebro ("gatecontrol").

Em pacientes com dor crônica, 70% respondem ao TENS, inicialmente. No entanto, apenas 30% ainda se beneficiam de sua eficácia, após um ano.

As indicações em Cuidados Paliativos são para aqueles pacientes com dor de leve a moderada intensidade, especificamente:
- dor em região de cabeça e pescoço;
- dor derivada de compressão ou invasão tumoral nervosa;
- nevralgia pós-herpética;
- dor óssea metastática

O uso da Corrente Interferencial é bem estabelecido para diminuição da dor, no entanto ainda não há consenso sobre qual variação da amplitude modulada de frequência (AMF) é mais eficaz. Não foram encontradas diferenças na analgesia em grupos com AMF de 5, 40, 80, 120, 160, 200, 240 Hz. Talvez esta diferença esteja relacionada com as características individuais de tecidos da pele e músculos durante passagem da corrente, sendo que variações de lípides, água e íons interferem na geração da Corrente Interferencial, não sendo possível definir o quão é reprodutível o fenômeno no interior dos tecidos (JOHNSON,2003).

Outras modalidades de técnicas complementares para controle da dor podem ser utilizadas, como calor local, frio local, massagem, acupuntura e mesmo exercícios, encorajando o paciente a manter a atividade o maior tempo possível.

A acupuntura pode ser de grande ajuda em casos de dor devido a espasmo muscular, espasmo vesical e em casos de hiperestesia, disestesia e nevralgia pós-herpética, mas ainda há poucos estudos que avaliem a efetividade real desta modalidade, no controle da dor de câncer.

A termoterapia

A termoterapia, através do calor superficial, é usada frequentemente para reduzir o desconforto e promover o relaxamento muscular através da interferência no ciclo dor-espasmo-dor devido à redução da atividade das fibras aferentes do fuso muscular (tipo II) e o aumento da atividade das vias aferentes dos órgãos tendinosos de golgi, bem como pela remoção de produtos do metabolismo e mediadores químicos responsáveis pela indução da dor.

Acredita-se que o calor reduza a dor por diminuir a isquemia tecidual aumentando o fluxo sanguíneo e relaxamento muscular. Produz alívio da rigidez articular, espasmos musculares e em inflamação superficial localizada. Pode ser aplicada no local da dor por meio de bolsas, compressa ou por imersão a temperatura entre 40 e 45 graus Celsius durante 20 a 30 minutos de 3 a 4 vezes ao dia.

Porém, a aplicação deste recurso é contraindicada em áreas pós-cirúrgicas, devido à perda de sensibilidade no local, ou diretamente sobre as áreas do tumor maligno, visto que provoca vasodilatação, aumentando assim a irrigação sanguínea no local e apresentando risco de disseminação de células tumorais por via sanguínea e/ou linfática. Da mesma forma, todas as formas de calor profundo também estão contraindicadas em fases imediatamente após a intervenção cirúrgica (Sampaio et al,1999).

A aplicação do calor desde que respeitadas às contraindicações e aplicações distantes do tecido tumoral iniciais, pode ser aplicado a partir de criteriosa observação do quadro clínico dos pacientes e análise do custo-benefício da terapêutica empregada.

O uso da crioterapia
A ação analgésica do frio está relacionada à contração muscular, diminuição do fluxo sanguíneo e diminuição de edema. O frio reduz a velocidade da condução nervosa, retardando os estímulos nociceptivos à medula. Aplica-se o frio superficial em torno de 15 graus Celsius, durante 15 minutos, de 2 a 3 vezes ao dia por meio de bolsas e hidrocolóides, imersão e compressas de gelo "mole" (mistura de 3 partes de água gelada para uma de álcool).

Segundo Sampaio e colaboradores,1999 não foram encontrados estudos que comprovem a eficácia da crioterapia para a dor oncológica, mas a sua aplicação pode ser útil para as dores musculoesqueléticas, através de bolsas ou imersão em água gelada, duas a três vezes ao dia, durante 15 a 20 minutos. Porém, deve ser evitada a sua utilização em regiões onde não há integridade sensorial, comprometimento arterial periférico, em casos de intolerância ao frio ou alergia e onde o tumor compressivo pode ser o causador da redução da circulação local e em áreas de tratamento de radioterapia.

Métodos mecânicos
Segundo Pimenta, 2003 as técnicas de terapia manuais podem ser utilizadas como um recurso para a complementação do alívio da dor, pois produz estimulação mecânica dos tecidos, através da aplicação rítmica de pressão e estiramento, reduzindo assim a tensão muscular, melhorando a circulação tecidual e auxiliando na redução da ansiedade do paciente, proporcionando uma melhora na qualidade do sono e da qualidade de vida.

Massagem

A massagem para o alívio da dor pode ser intuitiva e entendida como aplicação de toque suave ou com força em tecidos moles, músculos, tendões e ligamentos sem causar mudança na posição das articulações.

Massagem ou movimentos com alteração na posição das articulações são manobras restritas aos fisioterapeutas. Acredita-se que a massagem melhore a circulação, relaxe a musculatura, produza sensação de conforto e afeto aliviando a tensão psíquica. A técnica pode ser utilizada em doentes com dor, acamados, ansiosos com distúrbios de sono ou tendência a isolamento. Não deve ser utilizada em áreas com lesão de pele, óssea ou se causar dor. Utilizam-se movimentos de deslizamento, amassamento, fricção, percussão, compressão e vibração, com o auxílio de óleos e cremes.

Exercícios e a atividade física


Muito importante ao controle da dor por combater as síndromes de desuso, distrofia e hipotonia muscular, diminuição da amplitude articular, decorrentes de repouso prolongado e limitação da atividade local.

A atividade física beneficia a melhoria do humor, qualidade de vida, função intelectual, capacidade de autocuidado, padrão de sono e alivia a ansiedade.

Os doentes devem ser estimulados a realizar atividade física e exercícios suaves de contração e alongamento. Lembrar que o uso de imobilizações de suporte e conforto, como coletes de sustentação postural devem ser valorizados. Sempre que possível com orientação de fisioterapeuta ou fisiatra.

A atividade física traz vigor e bem-estar a humanos, sendo que a atividade física moderada pode atuar na depressão, ser benéfica para o sistema imunológico e tem sido proposta como aliviadora de estresse emocional. Por exemplo, indivíduos fisicamente ativos têm baixa incidência de doenças oportunistas durante períodos de alto estresse e respondem melhor a testes imunológicos experimentais. Em pacientes com diagnóstico de depressão o sistema imune é afetado o que pode influenciar no curso clínico da doença já existente além de possibilitar a ocorrência de doenças oportunistas, diminuindo assim, a qualidade de vida destes pacientes (MORASKA A,2001).



domingo, 26 de junho de 2016

Aconselhamento Genético e Avaliação de Riscos



Aconselhamento Genético e Avaliação de Riscos
  • Equipe Oncoguia
        •  Nosso conhecimento sobre câncer genético hereditário está avançando a um ritmo acelerado. Portanto, conversar com um geneticista ou oncogeneticista é a melhor forma para se ter uma informação atualizada e segura, além de uma melhor compreensão do seu risco para câncer hereditário:
Embora muitos fatores possam aumentar o risco de uma pessoa desenvol
ver câncer, como genética, gênero, idade, histórico familiar e exposição a hormônios, esse risco é individual.

Os geneticistas e os oncogeneticistas utilizam ferramentas específicas e dados estatísticos para estimar a probabilidade de uma pessoa desenvolver determinados tipos de câncer. Um componente importante na avaliação do risco estima a chance de uma mutação genética ser a responsável por provocar o câncer em uma família.

Os benefícios derivados do rastreamento e das opções de gerenciamento do risco dependem do risco individual de cada pessoa, por isso é importante conversar com um geneticista ou oncogeneticista para ter uma avaliação exata.

Aconselhamento Genético

  • Revendo o histórico familiar, incluindo membros da família que nunca desenvolveram câncer.
  • Avaliando e entendendo o risco de câncer hereditário e a chance de encontrar uma mutação genética por meio de testes específicos.
  • Discutindo as vantagens e limitações dos testes genéticos.
  • Delineando as opções do gerenciamento da doença.
  • Determinando por qual membro da família deve ser iniciada a realização dos testes genéticos.
  • Interpretando os resultados dos testes genéticos e o que significam para você e sua família.
  • Fornecendo referências aos especialistas para a realização do rastreamento e gerenciamento do risco.
  • Fornecendo referências para recursos de suporte e pesquisa, incluindo pesquisa genética testes, rastreamento, tratamento, entre outros.
  • Discutindo seus riscos e as opções de gestão médica com outros profissionais envolvidos.
  • Discutindo preocupações comuns sobre privacidade e confidencialidade da informação genética individual.

De forma geral, os geneticistas e oncogeneticistas orientam as pessoas na tomada de decisões sobre a realização dos testes genéticos e cuidados no acompanhamento.

Consultas para Aconselhamento Genético

O aconselhamento genético consiste em uma ou mais consultas com um especialista em genética, onde a primeira consulta geralmente envolve uma discussão aprofundada sobre seu histórico médico pessoal e familiar envolvendo as últimas três gerações, incluindo:
  • Pessoas da família diagnosticadas com câncer.
  • Localização do tumor primário dos cânceres, isso pode exigir uma cópia do laudo de patologia, se disponível.
  • Idade da pessoa no início de qualquer tipo de câncer ocorrido na família. 
  • Idade atual dos membros vivos da família e a idade dos que falecerem na data do óbito.
  • Qualquer outra informação relevante sobre a saúde da família.

Após avaliar o seu histórico médico pessoal e familiar, o médico conversará com você sobre outras ferramentas que podem explicar o seu risco de câncer, incluindo os testes genéticos. Ele também falará sobre os benefícios, riscos, custos e limitações dos testes genéticos.

Se você decidir pela realização dos testes genéticos, o médico irá:
  • Preencher a documentação com a solicitação dos testes recomendados para o seu caso.
  • Contatar seu seguro de saúde para garantir a cobertura dos testes.
  • Coletar sangue ou uma amostra de saliva da bochecha para o teste.

Quando seus resultados estiverem prontos, o médico conversará com você para:
  • Interpretar e explicar os resultados dos testes e o que eles significam para você e seus familiares.
  • Estimar o seu risco com base nos resultados dos testes. 
  • Delinear as opções para o gerenciamento do risco.
  • Fornecer referências para acompanhamento e gerenciamento dos riscos e sugerir a participação em estudos clínicos que sejam relevantes para seu caso.
  • Identificar quais parentes também podem ter um alto risco para a doença e lhe passará informações para compartilhar com esses familiares.
  • Discutir as preocupações comuns sobre privacidade e confidencialidade da informação genética pessoal.

O Modelo Gail


Muitos profissionais que trabalham em oncologia usam um modelo conhecido como o Modelo de Gail, para estimar o risco de uma mulher ter câncer de mama. Esse modelo é adequado para a maioria das mulheres, mas subestima o risco para câncer de mama em mulheres com câncer de mama e ovário hereditários, por não incorporar alguns fatores associados ao risco de câncer hereditário:
  • Só considera ascendentes femininos de primeiro grau.
  1. O câncer hereditário pode ser transmitido tanto pelo lado paterno como pelo materno. A coleta de dados familiares de ambos os lados é importante.
  2. Obter informações sobre parentes de segundo e terceiro graus é significativa para o cálculo do risco de câncer hereditário.

  • Não leva em conta parentes com câncer de ovário ou outros tipos de câncer menos comuns.
  1. O risco de câncer de mama hereditário está associado ao câncer de ovário. Como o câncer de ovário é raro, sua presença em uma família pode indicar risco hereditário de câncer de mama.
  2. O câncer de mama no homem, também raro, aumenta significativamente a probabilidade de câncer hereditário na família.
  • Não considera a idade de aparecimento do câncer de mama.
  1. Câncer de mama na pré-menopausa (antes dos anos 50) em uma família aumenta a probabilidade de que a doença seja hereditária.

  • Não considera a etnia.
  1. Determinadas populações, como pessoas da Europa Oriental (Ashkenazi) de ascendência judaica, podem ter um risco aumentado para câncer de mama hereditário.

Se o seu risco de câncer de mama for calculado usando o modelo de Gail, e você tem quaisquer antecedentes familiares não considerados por este modelo, sua estimativa de risco pode ser imprecisa. Consulte um especialista em genética do câncer para ajudá-lo a entender melhor os seus riscos individuais.



http://www.oncoguia.org.br/conteudo/aconselhamento-genetico-e-avaliacao-de-riscos/8322/73/?utm_source=facebook&utm_medium=post&utm_term=face_prevencao_aconselhamentogenetico&utm_content=face_imagem&utm_campaign=face_prevencao_aconselhamentogenetico


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Fisioterapia em Oncologia

http://pt.slideshare.net/iapesmanaus/a-fisioterapia-intensiva-oncofuncional?ref=http://pt.slideshare.net/iapesmanaus/slideshelf


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Fisioterapia em Oncologia- Dr. Daniel Xavier

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Câncer é a doença que mais mata crianças e adolescentes na Região Norte, diz Inca

Câncer é a doença que mais mata crianças e adolescentes na Região Norte, diz Inca

No Amazonas, em cinco anos, 400 pacientes infanto juvenis morreram por causa da doença, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).

Manaus - O câncer está em primeiro lugar entre as causas de morte por doença em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, na Região Norte, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Amazonas, em cinco anos, 400 pacientes infantojuvenis morreram por causa da doença, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), que foram registrados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).
As estimativas do Inca apontam que cerca de 1.210 novos casos de câncer infantil serão registrados, este ano, nos Estados do Norte do País. No período de 2009 a 2013, o Amazonas registrou, em média, 80 mortes de crianças e adolescentes, relacionadas à doença, por ano, segundo o Datasus. 
De acordo com o Inca, a leucemia é listada como  o câncer mais comum na infância. Conforme a médica oncologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) Adelaide Portela, não existe condição genética comprovada que ligue a infância à doença do sangue. 
De origem desconhecida, a leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos. O Inca classifica o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais, como a principal característica da doença. “Não é uma determinação genética, mas nós sabemos que os cânceres do sangue, osteosarcoma (câncer dos ossos) e neuroblastoma são mais recorrentes nas crianças”, disse.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a leucemia apresenta quatro tipos mais comuns: leucemia linfoide crônica, mieloide crônica, linfoide aguda e mieloide aguda. Duas delas atingem com mais frequência as células das crianças - caso da linfoide aguda e a mieloide aguda. 
Atenção aos sintomas
Portela alerta que é preciso notar e investigar sintomas que podem indicar um câncer infantojuvenil, mas, por causa da semelhança com outras doenças, nem sempre o diagnóstico correto é feito a tempo.
Segundo a oncologista, o diagnóstico precoce aumenta em 80% a chance do paciente desta faixa etária se recuperar totalmente da doença. “Quem detecta os primeiros sintomas é o pediatra. A fadiga, as manchas roxas, um sangramento na urina, a perda de peso, que muitas vezes é confundida com uma virose e até mesmo com a dengue, podem ser sinais da doença”, alertou. 
De acordo com a médica, existe uma orientação da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica para que os profissionais de pediatria analisem todos os sintomas como possíveis casos. “Hoje, nós temos criado o hábito de levar as nossas crianças regularmente ao pediatra. É na pediatria geral que o paciente tem a porta de entrada para o diagnóstico precoce. A orientação é que os pediatras pensem sempre oncologicamente, porque quando o câncer é descoberto prematuramente, existe 80% de cura”, afirmou. 
Portela explica que o tratamento varia de seis meses a cinco anos, considerando as especificidades de cada protocolo de atendimento. Segundo a médica, as crianças respondem bem à quimioterapia e à radioterapia. “Se a criança tem metástase, a radioterapia age na localidade, em um membro, um órgão. A pior parte é porque as crianças sofrem muito com as agulhadas, mas como não têm essa percepção de vida de dizer ‘eu vou morrer, eu vou viver’, o tratamento fica mais tranquilo do que num adulto, por exemplo”, comparou Portela.
Mais qualidade de vida
Com a fisioterapia, a qualidade de vida das crianças acompanhadas na FCecon tem melhorado, segundo o coordenador técnico da ala de Fisioterapia da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Fundação, Daniel Xavier. “A reabilitação oncofuncional trabalha a parte motora e a parte respiratória que, por causa dos medicamentos e do tempo de internação, ficam prejudicadas”, afirmou.
Pesquisador da área, Xavier destaca que o objetivo da análise que ele tem desenvolvido com os pacientes da FCecon é demonstrar que a associação entre a adequada prescrição de atividade física, aliada à fisioterapia oncofuncional, é fundamental para melhorar da qualidade de vida de crianças com câncer. 
O acompanhamento, segundo o fisioterapeuta, também inclui crianças que, em decorrência da doença, precisaram amputar membros e passaram a usar próteses. “Os avanços são visíveis aos olhos. Crianças que não conseguiam ficar sentadas na cama, agora, já dão pequenos passos”, exemplificou.
Dentre as pesquisas realizadas pelo especialista estão: Qualidade de vida e desempenho funcional de crianças e adolescentes portadores de neoplasias malignas submetidas ao processo de reabilitação oncofuncional; Desenvolvimento da polineuromiopatia do paciente crítico em uma unidade de tratamento intensivo oncológico; Mobilização precoce enquanto terapêutica segura e eficaz no combate à poliradiculomiopatia dos pacientes oncológicos internados na UTI e a Prática da atividade física direcionada à reabilitação oncofuncional como parte integrante do processo de melhora de qualidade de vida de crianças portadoras de câncer.

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