segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Hiperinsuflação Pulmonar com o Ventilador Mecânico – Hmec.

Hiperinsuflação Pulmonar com o Ventilador Mecânico – Hmec.

Coordenador: Daniel Xavier
Autor: Keldy - pós graduando em terapia intensiva


A ventilação mecânica é um recurso que prolonga o tempo de sobrevida de pacientes que dela necessitam, e tem por objetivos reverter ou evitar fadiga da musculatura respiratória, diminuir o consumo de oxigênio e do trabalho respiratório e manter uma adequada troca gasosa, permitindo assim, a aplicação de terapêuticas específicas.
Contudo a restrição ao leito bem como a hipomobilidade, torna esses pacientes sujeitos a hipoventilação pulmonar associada à inativação do mecanismo de tosse ocasionando acúmulo de secreções pulmonares, levando ao surgimento de patologias como a pneumonia associada à ventilação mecânica – PAV, aumentando o tempo de permanência do paciente no leito, o que contribui também para uma alta taxa de mortalidade e custos elevados aos hospitais.
Atualmente, torna-se imprescindível o uso de técnicas específicas e eficazes para higienização traqueobrônquicas bem como implementação de protocolos nas unidades de terapia intensiva que maximizem esses resultados. Uma das técnicas que atualmente vem sendo adotada nas UTI’s para mobilização de secreções é a manobra de Hiperinsuflação Pulmonar no Ventilador Mecânico – Hmec.

Indicação:
A indicação da Hmec é nas mobilizações de secreções traqueobrônquicas obtidos pela diferença entre o fluxo expiratório e o fluxo inspiratório, com melhor controle e monitorização das pressões.

Descrição:
Com o emprego desta técnica, temos o aumento da pressão positiva na fase inspiratória com o ventilador, permitindo controlar e monitorar as pressões utilizadas, além de associar aos efeitos benéficos do uso da PEEP.
Apesar de não haver na literatura uma forma ideal de aplicabilidade da técnica, recomenda-se seguir os passos descritos a seguir:
·      Selecionar o modo assistido ou controlado em VCV;
·      Ajustar a VC em 150% em relação ao basal, respeitando a P.platô em ≤ 35cmH2O;
·      Selecionar a onda de fluxo quadrada;
·      Aumentar o tempo inspiratório –T.Insp. (≥1.50 segundos) para ajustar uma PFI ≤ 25Lpm;
·      Controlar a Frequência respiratória – FR para evitar uma Auto-PEEP;
·      Buscar uma diferença PFE-PFI > 35Lpm.
·      Com relação ao tempo de duração da técnica, essa deve ser mantida por um tempo mínimo de 5 minutos, podendo ultrapassar os 20 minutos antes da aspiração endotraqueal ou até que o paciente apresente sinais de deslocamento de secreções para regiões centrais, o que requer uma aspiração de imediato.

Vantagens da realização da técnica no ventilador mecânico:
·      Manter a PEEP e a fração inspirada de oxigênio – FIO2, principalmente em pacientes com riscos de apresentar alterações da saturação periférica de oxigênio - SpO2 durante a aspiração;
·      Permitir o controle preciso e a monitorização dos parâmetros da mecânica respiratória (PPI, VC, PFE e PFI);
·      Permitir associação com outras técnicas terapêuticas;
·      Permitir a realização da aspiração endotraqueal com maior facilidade e portanto, menor risco de contaminações.

Evidências Técnicas:
Em um estudo realizado por Assmann, Crisiela Brum et al.(2016)  objetivou determinar a eficácia da manobra de hiperinsuflação pulmonar com o ventilador mecânico em comparação com a aspiração endotraqueal de forma isolada, para remoção de secreções, normalização da hemodinâmica  e melhora da mecânica pulmonar em pacientes sob ventilação mecânica em um ensaio clínico randomizado cruzado. Alocava-se o paciente para uma técnica e após 24h, para a outra técnica. Todos receberam ambas as técnicas; uma aspiração 2h antes de ambos os procedimentos foram realizados para equiparar os grupos com relação ao volume de secreção. Constatou-se que a manobra de hiperinsuflação pulmonar no ventilador mecânico resultou em uma maior mobilização e remoção de secreções pulmonares aspiradas. Além do mais, houve um significativo aumento do volume corrente expirado – VCE e da complacência dinâmica – Cdin, e diminuição do pico de fluxo inspiratório – PFI.
Savian et al (2006). Objetivou a comparação entre as manobras de hiperinsuflação pulmonar manual (AMBU) com a realizada com o ventilador mecânico em pacientes submetidos à prótese ventilatória, com variáveis em eliminação de secreções, oxigenação, Cest, FC, PA e emissão de CO2. Constatou-se que a manobra da Hmec. mostrou-se ter maior efetividade na melhora da mecânica respiratória e menos efeito sobre o metabolismo.


Referências
Assmann, Crisiela Brum; Vieira, Paulo José Cardoso; Kutchak, Fernanda; Rieder, Marcelo de Mello; Forgiarini, Soraia Genebra Ibrahim; Forgiarini Junior, Luíz Alberto: Hiperinsuflação pulmonar com ventilador mecânico versus aspiração traqueal isolada na higiene brônquica de pacientes submetidos à ventilação mecânica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2016.

Dias, Cristina Márcia; Martins, Jocimar Avelar. Programa de Atualização PROFISIO Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto. – Ciclo 3 volume 1. Artmed, 2012.

França, Eduardo Érico Tenório de; Ferrari, Francimar; Fernandes, Patrícia; Cavalcante, Renata; Duarte, Antônio; Martinez, Bruno Prata; Aquim, Esperidião Elias; Damasceno, Marta Cristina Paulete. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2012.


Nunes, Guilherme S.; Botelho, Guilherme Varela; Schivinski, Camila Isabel Santos: Hiperinsuflação manual: revisão de evidências técnicas e clínicas. Fisioterapia em Movimento, 2013.

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