Hiperinsuflação Pulmonar com o
Ventilador Mecânico – Hmec.
Coordenador: Daniel Xavier
Autor: Keldy - pós graduando em terapia intensiva
A ventilação mecânica é um recurso que prolonga
o tempo de sobrevida de pacientes que dela necessitam, e tem por objetivos
reverter ou evitar fadiga da musculatura respiratória, diminuir o consumo de
oxigênio e do trabalho respiratório e manter uma adequada troca gasosa,
permitindo assim, a aplicação de terapêuticas específicas.
Contudo a restrição ao leito bem como a
hipomobilidade, torna esses pacientes sujeitos a hipoventilação pulmonar
associada à inativação do mecanismo de tosse ocasionando acúmulo de secreções
pulmonares, levando ao surgimento de patologias como a pneumonia associada à
ventilação mecânica – PAV, aumentando o tempo de permanência do paciente no
leito, o que contribui também para uma alta taxa de mortalidade e custos
elevados aos hospitais.
Atualmente, torna-se imprescindível o uso de
técnicas específicas e eficazes para higienização traqueobrônquicas bem como
implementação de protocolos nas unidades de terapia intensiva que maximizem
esses resultados. Uma das técnicas que atualmente vem sendo adotada nas UTI’s
para mobilização de secreções é a manobra de Hiperinsuflação Pulmonar no
Ventilador Mecânico – Hmec.
Indicação:
A indicação da Hmec é nas mobilizações de
secreções traqueobrônquicas obtidos pela diferença entre o fluxo expiratório e
o fluxo inspiratório, com melhor controle e monitorização das pressões.
Descrição:
Com o emprego desta técnica, temos o aumento da
pressão positiva na fase inspiratória com o ventilador, permitindo controlar e
monitorar as pressões utilizadas, além de associar aos efeitos benéficos do uso
da PEEP.
Apesar de não haver na literatura uma forma
ideal de aplicabilidade da técnica, recomenda-se seguir os passos descritos a
seguir:
· Selecionar
o modo assistido ou controlado em VCV;
· Ajustar
a VC em 150% em relação ao basal, respeitando a P.platô em ≤ 35cmH2O;
· Selecionar a onda de fluxo quadrada;
· Aumentar o tempo inspiratório –T.Insp. (≥1.50 segundos) para ajustar uma PFI ≤
25Lpm;
· Controlar a Frequência respiratória – FR para
evitar uma Auto-PEEP;
· Buscar uma diferença PFE-PFI > 35Lpm.
· Com relação ao tempo de duração da técnica,
essa deve ser mantida por um tempo mínimo de 5 minutos, podendo ultrapassar os
20 minutos antes da aspiração endotraqueal ou até que o paciente apresente
sinais de deslocamento de secreções para regiões centrais, o que requer uma
aspiração de imediato.
Vantagens
da realização da técnica no ventilador mecânico:
· Manter
a PEEP e a fração inspirada de oxigênio – FIO2, principalmente em pacientes com
riscos de apresentar alterações da saturação periférica de oxigênio - SpO2
durante a aspiração;
· Permitir
o controle preciso e a monitorização dos parâmetros da mecânica respiratória
(PPI, VC, PFE e PFI);
· Permitir
associação com outras técnicas terapêuticas;
· Permitir
a realização da aspiração endotraqueal com maior facilidade e portanto, menor
risco de contaminações.
Evidências
Técnicas:
Em um estudo realizado por Assmann, Crisiela
Brum et al.(2016) objetivou determinar a
eficácia da manobra de hiperinsuflação pulmonar com o ventilador mecânico em
comparação com a aspiração endotraqueal de forma isolada, para remoção de secreções,
normalização da hemodinâmica e melhora
da mecânica pulmonar em pacientes sob ventilação mecânica em um ensaio clínico
randomizado cruzado. Alocava-se o paciente para uma técnica e após 24h, para a
outra técnica. Todos receberam ambas as técnicas; uma aspiração 2h antes de
ambos os procedimentos foram realizados para equiparar os grupos com relação ao
volume de secreção. Constatou-se que a manobra de hiperinsuflação pulmonar no
ventilador mecânico resultou em uma maior mobilização e remoção de secreções
pulmonares aspiradas. Além do mais, houve um significativo aumento do volume
corrente expirado – VCE e da complacência dinâmica – Cdin, e diminuição do pico
de fluxo inspiratório – PFI.
Savian et al (2006). Objetivou a comparação
entre as manobras de hiperinsuflação pulmonar manual (AMBU) com a realizada com
o ventilador mecânico em pacientes submetidos à prótese ventilatória, com
variáveis em eliminação de secreções, oxigenação, Cest, FC, PA e emissão de CO2.
Constatou-se que a manobra da Hmec. mostrou-se ter maior efetividade na melhora
da mecânica respiratória e menos efeito sobre o metabolismo.
Referências
Assmann,
Crisiela Brum; Vieira, Paulo José Cardoso; Kutchak, Fernanda; Rieder, Marcelo
de Mello; Forgiarini, Soraia Genebra Ibrahim; Forgiarini Junior, Luíz Alberto: Hiperinsuflação pulmonar com ventilador
mecânico versus aspiração traqueal isolada na higiene brônquica de pacientes
submetidos à ventilação mecânica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva,
2016.
Dias,
Cristina Márcia; Martins, Jocimar Avelar. Programa
de Atualização PROFISIO Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto. – Ciclo 3
volume 1. Artmed, 2012.
França,
Eduardo Érico Tenório de; Ferrari, Francimar; Fernandes, Patrícia; Cavalcante,
Renata; Duarte, Antônio; Martinez, Bruno Prata; Aquim, Esperidião Elias; Damasceno,
Marta Cristina Paulete. Fisioterapia em
pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento de Fisioterapia da
Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Revista Brasileira de Terapia
Intensiva, 2012.
Nunes,
Guilherme S.; Botelho, Guilherme Varela; Schivinski, Camila Isabel Santos: Hiperinsuflação manual: revisão de
evidências técnicas e clínicas. Fisioterapia em Movimento, 2013.
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