Hiperinsuflação Manual - HM
A técnica de hiperinsuflação
manual, também conhecida como “Beg Squeezing” é descrita desde 1968 por Clement
e Hubsch como um recurso para melhorar a oxigenação pré e pós aspiração
traqueal, mobilizar secreções brônquicas e reexpandir áreas pulmonares
colapsadas.
Descrição:
Esta manobra consiste na
utilização de uma bolsa de insuflação pulmonar (AMBU). Com ela administra-se um
volume de gás maior que o volume corrente do próprio paciente (aproximadamente
ao limite da CPT).
Este procedimento promoverá um
aumento do fluxo expiratório gerando um fluxo turbulento, mimetizando a tosse
fisiológica, onde um esforço inspiratório profundo é seguido pela fase
expulsiva com fluxo de ar acelerado, obtendo assim como resultado, o
deslocamento das secreções da periferia para áreas centrais, e, por conseguinte
sua fácil eliminação.
Indicação:
A principal indicação da HM é
mobilizações de secreções traqueobrônquicas obtidos pela diferença entre o
fluxo expiratório e o fluxo inspiratório, o que apura melhor sua mobilização.
Evidências Técnicas:
Esta manobra vem sendo manejada
rotineiramente por um número alto de profissionais da fisioterapia e com isso,
há uma grande discrepância no que tange a pressão e ao volume gerados durante a
insuflação manual. Dessa forma, diversos autores vem buscando uma padronização
da execução da técnica.
O estudo de Redfern, Ellis e
Holmes (2001) objetivou determinar o efeito na utilização de um manômetro
durante a execução da manobra. Concluiu-se que este feedback do manômetro
afetou a exatidão da técnica de forma positiva, pois levou a uma precisão da
pressão de pico em torno de 40cmH2O evitando assim, sua variação.
O estudo de Maxwell e Ellis (2003)
objetivou a analise dos efeitos da liberação rápida nas taxas de fluxo durante
a manobra, na repercussão do tempo inspiratório para o tempo expiratório (razão
I:E) e na influência dos tipos de circuitos. Constatou-se que o tipo de
circuito e o desempenho do operador pode influenciar as taxas de PFE e PFI,
aumentando a razão I:E, e a rápida liberação não aumentou a PFE independente do
circuito.
Savian, Chan e Paratz (2005)
objetivou determinar o efeito da PEEP em conformidade com a PFE durante a HM.
Constatou-se que houve redução na PFE com PEEP maior que 10cmH2O. Essa redução
na PFE inviabilizaria a mobilização das secreções pulmonares.
Evidencias Clínicas:
O estudo de Maa, Hung, Hsu,
Hsieh, Wang Wang et al.(2005) objetivou a repercussão da HM na atelectasia, com
desfechos em volume de escarro, volume corrente, pressão inspiratória máxima,
sinais radiográficos do tórax e relação PaO2/FiO2. Constatou-se que o grupo experimental apresentou
melhora significativa em relação ao volume corrente e os sinais radiográficos,
houve melhora também do recrutamento alveolar e da relação PaO2/FiO2.
O estudo de Savian, Paratz e Davies (2006) objetivou no
efeito da Hmec em comparação a HM quanto à mobilização de secreções, PaO2/FiO2, PA, FC e emissão de CO2.
Concluiu-se que a Hmec produziu aumento na PaO2/FiO2 e uma diminuição no volume de CO2, sem haver diferenças
na mobilização de secreções, oxigenação e hemodinâmica.
Hodgson, Denehy, Ntoumenopoulos, Santamaria e Caroll (2000) buscaram
mostrar os efeitos da HM em associação com a drenagem postural. Constatou-se
que a HM associada a DP promoveu uma melhora significativa na Cest e Cdin e
também na mobilização de secreções, sem alterações na estabilidade cardíaca e
trocas gasosas.
Também Barney, Denehy e Pretto (2004) compararam a HM
associada a DP com mensuração da PFE para cada respiração durante as
intervenções. Concluiu-se que houve aumento significativo na PFE quando a
manobra é associada a drenagem postural, produção significativa de mais
catarro.
Clarissa Netto Blattner et al. objetivou os efeitos da HM
combinadas com pressão expiratória positiva associadas com técnicas padrão de
compressão manual de tórax com relação à segurança, hemodinâmica e oxigenação
em pacientes sépticos. Constatou-se que a associação entre as técnicas foi
segura e não teve efeitos deletérios hemodinâmicos em curto prazo, houve
benefícios também na saturação de oxigênio.
Conclusão
Diante do exposto, mostra-se que os trabalhos elaborados no
que diz respeito a manobra de Hiperinsuflação Manual – HM vem discutindo cada
vez mais uma padronização da execução da técnica para que haja além de uma
melhor efetividade da mesma, também garantir uma segurança na sua aplicação. É sabido
sobre sua eficácia na mobilização de secreções traqueobrônquicas e na prevenção
de infecções e complicações do trato respiratório, sem alterar portanto
parâmetros hemodinâmicos, evidências essas, que garantem sua aplicabilidade e
sustentam sua indicação e mostram que seus efeitos podem ser potencializados
quando associados a outras técnicas.
Referências
Blattner, Clarissa Netto; Santos, Rafael
Saldanha Dos; Dias, Fernando Suparregui; Dias, Alexandre Simões; Mestriner,
Régis Gemerasca; Vieira, Silvia Regina Rios. Uso da hiperinsuflação manual combinada com pressão expiratória
positiva e compressão torácica é seguro durante o choque séptico estável: um
estudo clínico randomizado. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2017.
Nunes, Guilherme S.; Botelho, Guilherme Varela; Schivinski, Camila Isabel
Santos. Hiperinsuflação manual: revisão de evidências
técnicas e clínicas. Fisioterapia em Movimento, 2013.
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