NEOPLASIA DE PULMÃO
Autora: Mariana Conceição Cruz Pará
Coordenador da pós graduação: Daniel Xavier
IG:@intensivistaxavier
É o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando aumento de 2% por ano na sua incidência mundial. A última estimativa mundial apontou incidência de 1,82 milhão de casos novos de câncer de pulmão para o ano de 2012, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em mulheres.
Em 90% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. No Brasil, foi responsável por 22.424 mortes em 2011. Altamente letal, a sobrevida média cumulativa total em cinco anos varia entre 13 e 21% em países desenvolvidos e entre 7 e 10% nos países em desenvolvimento.
Os sintomas são inespecíficos e podem ser confundidos com outras doenças, a maioria delas relacionadas ao tabagismo, como enfisema pulmonar, bronquite e pneumonias, é diagnosticado depois dos cinquenta anos de idade em 90% dos casos, sendo a faixa etária de 60 anos a 70 anos a mais frequentemente comprometida.
A maneira mais fácil de diagnosticar o câncer de pulmão é através de raio-X do tórax complementado por tomografia computadorizada. A broncoscopia (endoscopia respiratória) deve ser realizada para avaliar a árvore traqueobrônquica e, eventualmente, permitir a biópsia. É fundamental obter um diagnóstico de certeza, seja pela citologia ou patologia. Uma vez obtida a confirmação da doença, é feito o estadiamento, que avalia o estágio de evolução, ou seja, verifica se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento é feito através de vários exames de sangue e radiológicos, como dosagens enzimáticas e ultrassonografia, respectivamente.
Existem diversos tipos de câncer de pulmão. Em geral eles são divididos em dois grandes grupos:
Câncer de células não-pequenas: são os mais comuns e constituídos por três subtipos: carcinomas de células escamosas, adenocarcinomas e carcinomas de células grandes.
Câncer de células pequenas: são mais raros e têm comportamento mais agressivo e com alto potencial metastático prognóstico bastante reservado.
Depois de definido o tipo de câncer de pulmão, é necessário determinar a extensão do tumor, chamado de estadiamento. Conforme o estádio, o câncer de pulmão pode ser classificado em I, II, III ou IV. Onde o estádio I representa os tumores mais iniciais, II os tumores pouco maiores, mas restritos aos pulmões, III os tumores avançados dentro do tórax, e IV são os tumores que já se disseminaram pelo organismo. O tratamento do câncer de pulmão é definido de acordo com o tipo e com o estádio.
Cirurgia, radioterapia e quimioterapia são os principais recursos empregados para o tratamento. Apesar de ser uma doença grave e de ter comportamento agressivo, atualmente, os pacientes portadores de câncer de pulmão têm muitos recursos para tratar a doença ou pelo menos para amenizar as suas consequências.
Atuação fisioterapêutica no câncer de pulmão
A fisioterapia pode atuar no pré-operatório, pós-operatório e nos períodos de adjuvância. Durante o período pré-operatório pode ser realizado avaliação fisioterapêutica, nela leva-se em conta que o indivíduo apresenta sintomas relacionados ao câncer de pulmão e, na maioria das vezes, fatores como idade avançada e comorbidades associadas, tornando a abordagem complexa.
Nessa etapa do tratamento o paciente pode apresentar algum nível de toxicidade e potencializar sintomas como: fadiga, dispneia, perda de massa muscular e peso corporal, alteração de equilíbrio e sensibilidade, dor principalmente em região torácica, ansiedade e estresse.
Dentre os testes realizados durante a avaliação são: Avaliação de pressões ventilatórias estáticas(MANOVACUOMETRIA); Avaliação do pico de fluxo expiratório(PFE) ou peak flow; avaliação da expansibilidade toracoabdominal(CIRTOMETRIA); Avaliação da capacidade funcional; Teste de caminhada de 6 min.(TC6M); Teste do senta e levanta(TSL); Mensuração de força de preensão palmar(DINAMOMETRIA OU HAND GRIP)para avaliação da força muscular periférica, Espirometria.
A intervenção antes da cirurgia visa preparar o paciente para o pós-operatório minimizando as complicações, sendo elas: Espirometria de incentivo; Ventilação não invasiva com pressão positiva; manobras de higiene brônquica; TMI; Manobras de expansão pulmonar, exercícios de ventilação profunda, drenagem postural, vibrocompressão, tosse, huffing, além de exercícios aeróbicos(cicloergômetro) que beneficiam o sistema cardiorrespiratório como um todo.
Já no pós operatório a reabilitação pulmonar tem se mostrado útil melhorando na capacidade ao exercício e na dispneia, redução no período de internação, menor incidência de atelectasias e infecções hospitalares, os exercícios respiratórios e a mobilização precoce do paciente deve iniciar horas depois da cirurgia, se possível, o paciente pode ainda estar em ventilação mecânica invasiva e o fisioterapeuta seja o responsável pela monitorização da ventilação, ajustes.
Devido a hipoinsuflação pulmonar e decúbito prolongado pode ocorrer acúmulo de secreções, sendo indicado a higiene broncopulmonar(Vibrocompressão) para descolar e deslocar essa secreção, melhorando assim a troca gasosa, nos indivíduos incapazes de tossir é indicado as aspirações, visando desobstruir o tubo orotraqueal ou traqueostomia evitando rolhas.
A atelectasia é uma complicação muito comum no pós operatório de carcinoma de pulmão, sendo indicado exercícios respiratórios para expansão pulmonar, podendo ainda se usar a espirometria de incentivo que auxilia o individuo a manter a inspiração de forma lenta e profunda, aumentando assim a insuflação pulmonar.
Mudanças de decúbito, mobilização precoce, posicionamento adequado no leito, aumentam a ventilação e impedem o acúmulo de secreções e diminuem o risco de complicações circulatórias pós-cirúrgicas.
O uso do TENS é indicado em pacientes que apresentam metástases ósseas para o alivio da dor. A ventilação não invasiva é outro recurso utilizado para evitar o colapso alveolar(CPAP/BILEVEL).
Já a ventilação mecânica invasiva é é um recurso que visa substituir a ventilação espontânea , sendo indicada em situações de insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada, os modos são inúmeros, cabendo a equipe avaliar e aplicar o melhor modo de uso pro paciente naquele momento.
Para o desmame, recomenda-se o treinamento muscular respiratório (THRESHOLD) com carga de 50% da PImáx, na modalidade pressão de suporte com níveis de 5 a 7cmH2O e PEEP em zero no período de 30min a 2h.
Referências
Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/pulmao/definicao+ acesso em 05.06.2017
Hospital do Câncer de Barretos. https://www.hcancerbarretos.com.br/cancer-de-pulmao/93-paciente/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao/173-cancer-de-pulmao-sintomas acesso em 05.06.2017
Figueira P, Marx A, Paim N. Manual de Condutas e Práticas de Fisioterapia em Oncologia. Manole. 2017
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