ÍNDICE DE
FALÊNCIA NA EXTUBAÇÃO OROTRAQUEAL EM UMA UTI ONCOLÓGICA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: FATORES
DETERMINANTES.
Marcelo Lima da Silva1;
Juliana de Oliveira Santos²; Minelvina Amorim²; Maria Dinorah Henrique dos Santos2;
Daniel Salgado Xavier3.
¹Estudante do curso de
Fisioterapia da Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO;
E-mail: marcelolima199015@hotmail.com ²Pós graduados em Fisioterapia Intensiva – IAPES; ³Fisioterapeuta da Fundação Centro de
Controle de Oncologia do Estado do Amazonas – FCECON.
A ventilação
mecânica (VM), a intubação e extubação são procedimentos rotineiros na unidade
de tratamento intensivo e que exigem atenção especial da equipe
interdisciplinar, uma vez que o seu manejo inadequado pode aumentar o tempo de
internação, elevar os custos hospitalares e impactar diretamente sobre a
mortalidade e morbidade em pacientes oncológicos. Justificativa: Necessidade de
adequar a terapêutica índices preditivos para a extubação, reduzindo desta
maneira a taxa de reintubação e com isso reduzir a taxa de mortalidade e
morbidade dentro da Unidade de tratamento intensivo oncológico. Objetivos geral
e específico: Identificar e analisar os índices de falência na extubação
orotraqueal e fatores determinantes em uma UTI oncológica na Amazônia ocidental.
Metodologia: O estudo foi descritivo, quantitativo, seguido de estudo de coorte
prospectivo, onde foram realizados seis meses de levantamento e análise de
dados. Resultado: Ao final do período de pesquisa os resultados puderam sugerir
a utilização de índices preditivos como uma maneira de reduzir as taxas de
reintubação e padronizar as condutas da equipe interdisciplinar, colaborando
desta maneira para uma tomada de decisão mais segura no que tange a extubação
oro traqueal. Conclusão: Diante do estudo e dos resultados obtidos,
ficou evidente a eficácia do protocolo de desmame ventilatório (IDV) – Ferrari
e Tadine em comparação ao não uso do mesmo no processo de extubação oro
traqueal.
Palavras-chave: Unidades de
Terapia Intensiva;Oncologia; Ventilação mecânica
O
diagnóstico de neoplasia parece ser um agravante para admissão do paciente na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em estudo francês que avaliou a admissão de
pacientes oncológicos na UTI, verificou-se que 49% são recusados por
apresentarem a doença (THIERY, 2005; AMENDOLA et al, 2006).
No
entanto, segundo Albergaria (2007) apud
Xavier (2012), uma UTI de Hospital Oncológico guarda características próprias
em relação às UTI’s gerais, pois permite admissão de pacientes que não teriam
espaço em outras unidades por questões éticas e necessidade constante de
rotatividade pela falta de vagas. Muitos dos pacientes internados em unidades
de terapia intensiva (UTI) necessitam de suporte ventilatório.
A
ventilação mecânica (VM) e intubação são procedimentos rotineiros em UTI’s.
Mesmo assim, alguns estudos demonstraram que a ventilação mecânica (VM) oferece
grandes riscos ao paciente, o que leva o aumento do tempo da mesma, maior tempo
de internação, altos custos hospitalares, maior chance de traqueostomia e maiores
riscos de morbimortalidade. (GONÇALVES et
al, 2007; HAHN, 2011; SAVI, 2012).
Segundo
Reis et al (2013) na maioria dos
pacientes a retirada da ventilação mecânica (VM) ocorre com sucesso, mas uma
proporção desses apresenta falência de extubação, ou seja, há necessidade de
reintubação após 24-72 horas da retirada do tubo oro traqueal (TOT). Deste
modo, é importante à utilização de protocolos desde o desmame até o momento da
extubação, pois estes são elaborados para que o desmame da ventilação mecânica (VM)
seja realizada de forma mais segura, eliminando os possíveis fatores que
levariam a complicações e posteriormente a falha da extubação, evitando assim o
aumento das morbimortalidades (PAREDES, 2013).
O Teste de
Respiração Espontânea (TER) é utilizado para verificar a tolerância do paciente
à respiração espontânea por 30 minutos a 2 horas. Pode ser realizado com a
pressão de suporte (PS) de 6 a
7 cmH2O, em pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) de 5
cmH2O ou respiração espontânea por tubo T, recebendo apenas oxigênio
(RIBEIRO et al, 2013).
O Índice
de Desmame Ventilatório (IDV) Ferrari-Tadine (2004), tendo como base a análise
multifatorial no desmame da ventilação mecânica (VM), mensurando,
criteriosamente, os parâmetros: escala de Glasgow, volume corrente, fração
inspiratória de oxigênio (FIO2), frequência respiratória, saturação
de oxigênio (O2), pressão parcial de gás carbônico (PaCO2),
pressão parcial de oxigênio (PaO2), pressão inspiratória máxima,
pressão suporte e idade, dando uma pontuação de 1 a 3 para cada um, tem-se por
fim uma pontuação, sendo enquadrada na Classe Pontuação Prognóstico, dividida
em: Classe I, de 27-30 pontos, extubação indicada; Classe II, 23-26 pontos,
extubação favorável; Classe III, 20-22 pontos, extubação desfavorável; e Classe
IV, < 19, extubação contraindicada (RIKER & XAVIER, 2012). Objetivos
geral e especifico: Identificar e analisar os índices de falência na extubação
orotraqueal e fatores determinantes em uma UTI oncológica na Amazônia ocidental.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo e prospectivo em seres humanos, onde o
sujeito pesquisado foi acompanhado por um período de 48 horas incluindo aos
fins de semana, tempo este que determinou o
sucesso ou a falha no processo de extubação do tubo oro traqueal (TOT),foram
incluídos no estudo, indivíduos em ventilação mecânica (VM) intubados com tubo
oro traqueal (TOT) por tempo superior ou igual a 24 horas, submetidos ao
processo de extubação após obtenção de sucesso no teste de respiração
espontânea (TRE), depois do aval da equipe.
Foram excluídos indivíduos traqueostomizados, instáveis
hemodinamicamente (clínica desfavorável), pacientes em desmame difícil, que
foram submetidos ao índice de desmame ventilatório (IDV) e falharam durante o
procedimento do mesmo. O local do estudo foi Fundação Cecon,a População do
estudo foram os pacientes de ambos os sexos internados na uti da Fundação Cecon
submetido a ventilação mecânica invasiva (VMI). Cálculo da amostra: O estudo
foi dividido em duas partes: a primeira tratou da descrição pormenorizada
através da coleta de dados; a segunda, apresentou as comparações entre as
variáveis avaliadas e instrumentos aplicados, visando à generalização de
resultados obtidos a partir de uma amostra, para a população em geral, quando
possível.
Projeto aprovado conforme parecer: 47054215.5.0000.0004.
Resultados e Discussão
O projeto teve duração de onze meses 01.08.2015
a 31.07.2016, o número total de extubações foram de 89 pacientes, destes, 77
pacientes foram submetidos ao protocolo de desmame utilizando o (IDV) e
extubados por fisioterapeutas e 12 pacientes foram extubados por outra
categoria de profissional da área da saúde sem o uso do (IDV). dos 77 pacientes
extubados por fisioterapeutas, 13 pacientes evoluíram com falha, ou seja, foi necessário
reentubação dos mesmos no prazo de tempo inferior a 48 horas, tendo o sucesso
em 64 pacientes. Os 12 pacientes extubados por outros profissionais da área de
saúde sem o uso do (IDV), obtiveram 8 pacientes extubados com sucesso, tendo 4
pacientes que evoluíram com falha após a extubação.
Conclusão
Diante do
estudo proposto e dos resultados obtidos, fica evidente a eficácia do protocolo
de desmame ventilatório (IDV) – Ferrari e Tadine em comparação ao não uso do
mesmo no processo de extubação oro traqueal.
Agradecimentos
Agradeço a
Fapeam, que financiou essa pesquisa, ao Departamento de Ensino e Pesquisa da
Fundação Cecon (DEP) que me suporte para terminar este trabalho, a Prof: Rachel
Galli Especialista em Gerontologia e mestrando em Ciência da Educação. Doutora em Imunologia Básica
e Aplicada Valquiria do Carmo Alves Martins e aos meus colaboradores.
Referências
1 THIERY, E.; AZOULAY, E.; DARMON, M., et al. Outcome of cancer patients
considered for intensive care unit admission: A hospital wide prospective
study. J Clin Oncol, 2005, v. 23, n.19, 4406-13.
2 GONÇALVES, J. Q. et al. Características do processo de desmame da
ventilação mecânica em hospitais do Distrito Federal. Rev. bras. ter. intensiva,
Mar 2007, vol.19, no.1, p.38-43.
3 ALBERGARIA, D. M. Perfil de clientes internados na unidade de
terapia intensiva de um hospital oncológico. Revista Científica da Faminas. Muriaé;
2007; v.3, n.1, sup. 1, p.63.
4 HAHN, C. E. B. Índice de
respiração rápida e superficial como preditor de sucesso de extubação da
ventilação mecânica invasiva: avaliação em uma população geral de pacientes
críticos e subdivididos em diferentes comorbidades. 2011. 67 f. [dissertação de
mestrado]. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e
Ciências Cardiovasculares, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio
Grande do Sul, 2011.
5 SAVI, Augusto. Preditores
de desmame da extubação. 2012. 115 f. [Tese de Doutorado]. Programa de
Pós-graduação em Medicina: Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre - Rio Grande do Sul, 2012.
6 REIS, H. F. C. et al. A falência
da extubação influencia desfechos clínicos e funcionais em pacientes com
traumatismo cranioencefálico. J.
bras. Pneumol., São Paulo , v.
39, n. 3, p. 330-338, Jun. 2013. Disponível em:
.
Acesso em: 27 Abr. 2015.
7 PAREDES, E. R.; NAVILLI JUNIOR, V.;
OLIVEIRA, A. C. T. de. Protocolo de prevenção de falha de extubação como
estratégia para evitar as complicações da reintubação precoce. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa,
v. 10, n. 19, 2013.
8 RIBEIRO, S.; GONTIJO, V. P.; DIAS, K. S.; FERNANDES, C.; MECANICA,
D. V. Falhas Terapêuticas e Desmame Prolongado. Profisio, v. 4, p. 11-38,
2013.
9 FERRARI, D.; TADINE, R. Índice
de desmame ventilatório: IDV Ferrari-tadini. 2004. Disponível
em: . Acesso em:
25 abr. 2015.
10 RIKER, L. P. L, XAVIER L. Índices preditivos utilizados para o desmame ventilatório na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI): um estudo sistemático sobre Índice de Tobin e Índice
de Desmame Ventilatório (IDV). 2012. Disponível em
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