terça-feira, 22 de novembro de 2016

EDEMA AGUDO DE PULMAO

INSTITUTO AMAZONENSE DE APRIMORAMENTO E ENSINO EM SAÚDE -  IAPES ENSINOS
  

Autor: ADRIANA PEREZ OLIVEIRA
Coordenador: Daniel Xavier



 EDEMA AGUDO DE PULMÃO




INTRODUÇÃO
   
    O edema agudo de pulmão (EAP) se caracteriza por ser um acúmulo súbito e anormal de líquido nos espaços extravasculares  do  pulmão.  A EAP ocorre com frequência nas unidades de terapia intensiva e também percebe-se que é uma das síndromes cardiorrespiratórias mais dolorosas quando comparada com as demais.  Sua causa na maioria das  vezes  é  consequente  à  insuficiência  cardíaca  esquerda,  sendo que a elevação  da  pressão  no  átrio  esquerdo  e  capilar  pulmonar  pode ser considerada como o principal  fator  responsável  pela transudação de  líquido para o interstício e  interior dos alvéolos, com  interferência  nas trocas gasosas  pulmonares  e  redução  da  pressão  parcial  de  oxigênio  no sangue  arterial  (PORTO, 2000).


FISIOPATOLOGIA

   
    O  edema  agudo  de  pulmão ocorre devido ao  desequilíbrio  entre  a  pressão hidrostática  capilar  elevada  e  a  pressão  intersticial normal,  quando ocorre o extravasamento do liquido, o mesmo  já  não  pode  ser  removido  adequadamente  pelo  sistema  linfático  pulmonar, esse processo decorre do aumento da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo . Essa síndrome  pode  ocorrer   por   outros   mecanismos   quando   não relacionado à falência cardíaca, como o aumento da permeabilidade dos capilares pulmonares, observado  na  síndrome  do  desconforto  respiratório  agudo,  ou  nos  casos  em  que  a  pressão coloidosmótica   intravascular   está   intensamente   reduzida, o que gera um aumento   da   pressão   negativa intersticial  (após  drenagem  torácica),  insuficiência  linfática  (pós-transplantes),  linfangite fibrosantes  ou  fenômenos  não  explicados,  como  edema  pulmonar  neurogênico,  devido  a grandes altitudes, pós-cardioversão e a superdose de narcóticos . Em consequência   do   edema   (intersticial   e   brônquico),   ocorre a diminuição   da complacência pulmonar e o aumento da resistência nas vias aéreas, com isso sobrevém as alterações de troca  gasosa e a geração de altas pressões negativas intrapleurais, decorrente temos a elevação da pressão transmural do ventrículo esquerdo (VE) e da sua pós-carga. Quando ocorre a redução do débito cardíaco no edema agudo de pulmão, consequentemente diminui-se a oferta de oxigênio para a musculatura respiratória. Já com relação a atividade  simpática,  podemos observar um ligeiro aumento. No entanto  em  situações graves  pode  causar hipertrofia  de  miócitos  e  necrose,  redução  de  receptores  beta-1-adrenérgicos,  depleção  de terminais nervosos e comprometimento da função sistólica e diastólica. O  comprometimento  da  musculatura  respiratória  nesses  pacientes piora  com  a  dispnéia  aos  esforços  e,  nos  quadros  agudos,  com  a  fadiga muscular, que frequentemente associa-se com retenção de CO2 (KNOBEL,2004).


ETIOLOGIA


    Várias podem ser as causas da EAP, sendo que as mais comuns são a insuficiência ventricular esquerda, a obstrução da valva mitral, arritmias cardíacas, hipervolemia, insuficiência cardíaca congestiva descompensada, infarto agudo do miocárdio (IAM), cardioversão elétrica e crise hipertensiva. Suas causas também podem ser dividas em duas partes. A primeira seria a das causas secundárias, a cardiopatias e a segunda as causas não relacionadas a cardiopatias. As causas secundárias a cardiopatias podem ser, a isquemia miocárdica aguda, hipertensão arterial sistêmica (HAS), valvulopatia, miocardiopatia primária, cardiopatias congênitas, mixoma atrial. Já as causas não-relacionadas a cardiopatias temos a lesão encefálica ou hemorragia intracraniana (neurogênica) e a feocromocitoma ( MACIEL, 2009)


SINAIS E SINTOMAS


    Os sinais e sintomas característicos são dispnéia, ortopnéia, tosse, escarro de cor rósea e espumoso. Normalmente o paciente apresenta-se ansioso, agitado, sentado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente a musculatura respiratória acessória, suas asas nasais estão dilatadas, há retração intercostal e de fossa supraclavicular. A pele e mucosas desse paciente tornam-se frias, acinzentadas, às vezes, pálidas e cianóticas, com sudorese fria sistêmica. O mesmo pode relatar dor subesternal irradiada para pescoço, mandíbula ou face medial de braço esquerdo em casos de isquemia miocárdica. Com relação ao exame físico, pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2 hiperfonética, pressão arterial elevada ou baixa (choque cardiogênico), estertores subcreptantes inicialmente nas bases tornando-se difusos com a evolução do quadro. Se houver a presença de roncos e sibilos difuso há indícios de broncoespasmo secundário. Deve-se levar em consideração que o quadro clínico pode agravar progressivamente culminando com insuficiência respiratória, hipoventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2000).


TRATAMENTO

    A EAP possui diversas opções de tratamento, sendo assim uma das que se destacam é a oxigenioterapia, que consiste na administração de oxigênio suplementar com o intuito de elevar ou manter a saturação de oxigênio acima de 90%, corrigindo os danos da hipoxemia. O paciente deve receber oxigênio suplementar por máscara facial aberta com fluxo inicial de 5 a 10 L/ min, com objetivo primário de aumentar a quantidade de oxigênio carreado pelo sangue aos tecidos. Outra opção é a ventilação não-invasiva (VMNI) a qual proporciona a redução da pré e pós-carga promovendo a melhora da contratilidade do ventrículo esquerdo, a mesma aumentará a complacência pulmonar recrutando alvéolos pulmonares previamente colabados, elevando assim a ventilação alveolar e reduzindo o trabalho respiratório. Possuímos também a alternativa das máscaras nasais e a da ventilação mecânica não invasiva contínua (CPAP), que consiste na aplicação de uma pressão positiva única durante todo o ciclo respiratório, devendo ser iniciada com a pressão entre 5 e 10 cmH2O, a qual pode ser aumentada até 12,5 cmH2O. No entanto essa modalidade possui outra escolha, que seria a de ventilação em binível pressórico (BPAP) que utiliza a alternância de uma pressão positiva menor durante a expiração e maior durante a inspiração, para reduzir o trabalho respiratório do paciente de uma forma direta, com a pressão inicial entre 8 e 10 cmH2O, podendo ser aumentada até 12,5 cm H2O. Contudo sempre devemos ressaltar a importância das contra- indicações no caso da VMNI, têm-se a instabilidade hemodinâmica, trauma facial, risco de aspiração de secreções, arritmia, isquemia e pacientes pouco colaborativos ou que não se adaptaram à máscara. Por outro lado possuímos a ventilação Invasiva que é indicada na presença do rebaixamento do nível de consciência, no aparecimento de sinais clínicos de fadiga da musculatura acessória, nos casos de hipoxemia refratária e na presença de acidose respiratória. Essa conduta pode ser tomada inicialmente em pacientes com IAM com indicação de angioplastia primária, naqueles com taquiarritmias com necessidade de cardioversão elétrica e em pacientes com choque cardiogênico. Contudo sempre antes do procedimento o paciente deve ser hiperventilado com máscara e ambú para diminuir possíveis complicações como arritmias ou piora da hipoxemia (DBVM, 2013).




REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO

Revista Brasileira de Terapia Intensiva. DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA. 2013
KNOBEL, Elias. Terapia Intensiva: pneumologia e fisioterapia respiratória. São Paulo: Atheneu, 2004.
MEIRELES COSTA LIMA. A UTILIZAÇÃO DO CPAP E BIPAP NO EDEMA AGUDO DE PULMÃO CARDIOGÊNICO. Rio de Janeiro/ 2006.
MACIEL ANDRADE MARCOS VINICIUS. Insuficiência Cardíaca. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. 2009; 93(6 supl.1): e110-e178.
NARDELLI CESAR CAIO. PADRONIZAÇÃO DA ABORDAGEM DO EAPC, NO HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS. Março/ 2006.
PORTO, CELMO CELENO. Doenças do Coração – Prevenção e Tratamento. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1998.

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