quinta-feira, 21 de setembro de 2017

FISIOTERAPIA NA NEOPLASIA DE PULMÃO



FISIOTERAPIA NA NEOPLASIA DE PULMÃO


Graziela Ribeiro Carneiro
Coordenador: Daniel Xavier
@intensivistaxavier

       O câncer de pulmão é o terceiro mais comum no mundo, depois do câncer de mama e do câncer de próstata. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, mais de um milhão e meio de casos novos são diagnosticados anualmente em todo o planeta. Diagnosticado depois dos cinquenta anos de idade em 90% dos casos, sendo a faixa etária de 60 anos a 70 anos a mais frequentemente comprometida.  Além de ser muito frequente, o câncer de pulmão representa a principal causa de morte por câncer em todo o mundo, causando cerca de 1.700.000 mortes todos os anos.  

       Apesar de ser um tipo frequente de câncer e de causar muitas mortes, o câncer de pulmão é uma doença potencialmente evitável. O consumo de tabaco está estritamente associado ao desenvolvimento desse câncer e é a causa de cerca de 90% de todos os casos.
       Geralmente os sintomas decorrentes do câncer de pulmão aparecem apenas quando a doença já está avançada. Por este motivo a minoria dos casos é identificada em fase inicial, a grande maioria dos casos é descoberta tardiamente, somente menos de 20% dos casos são diagnosticados em fases iniciais.

       Existem vários tipos diferentes de câncer de pulmão. Dividimos em dois grandes grupos:
·        Câncer de células não-pequenas: são os mais comuns e constituídos por três subtipos: carcinomas de células escamosas, adenocarcinomas e carcinomas de células grandes.

·        Câncer de células pequenas: são mais raros e têm comportamento mais agressivo.

       Depois de definido o tipo de câncer de pulmão, é necessário determinar a extensão do tumor, chamado de estadiamento. Conforme o estádio, o câncer de pulmão pode ser classificado em I, II, III ou IV. Onde o estádio I representa os tumores mais iniciais, II os tumores pouco maiores, mas restritos aos pulmões, III os tumores avançados dentro do tórax, e IV são os tumores que já se disseminaram pelo organismo, sendo I representa tumores muito pequenos (menores que 2 cm) e restritos ao pulmão, e vai-se aumentando progressivamente a extensão da doença, até se chegar ao estádio IV, que são tumores avançados caracterizados pela presença de metástases (comprometimento de outros órgãos a partir do tumor do pulmão).
       As complicações possíveis decorrem do tamanho, local da lesão e eventualmente de substâncias produzidas pelo tumor e liberadas na corrente sanguínea. O seu crescimento pode afetar por invasão, obstrução ou compressão de estruturas respiratórias, vasculares ou nervosas. Há sempre o potencial de hemorragia, e sintomas podem ocorrer em decorrência de elementos secretados pelo tumor ou dos locais das metástases.
       Se o câncer de pulmão avançar pelo órgão, pode surgir um líquido na cavidade pleural, ocupando o pulmão inteiro e causando uma insuficiência respiratória. Se avançar para cima do coração, pode diminuir a funcionalidade deste, bem como causar insuficiência hepática se chegar ao fígado. O tumor também pode avançar para o sistema nervoso central ou coluna, podendo causar paralisia, lesões e deficiência de movimento.
       Outras complicações incluem derrame pleural, fístula aérea, embolia pulmonar, ou até mesmo Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto (SDRA) que é caracterizada por uma lesão alveolar difusa e irregular que acarreta uma insuficiência respiratória grave. As complicações cardíacas podem incluir arritmia cardíaca ou infarto agudo do miocárdio.
       Os sinais e sintomas do câncer pulmonar são causados pelo crescimento local do tumor, invasão ou obstrução das estruturas adjacentes, disseminação linfática e hematogênica e efeitos remotos dos produtos tumorais.
As manifestações observadas com maior frequência são: tosse, falta de ar, chiado, presença de sangue no catarro e dor no peito. Diminuição do apetite e perda rápida de peso também são sinais que devem chamar a atenção para a possibilidade de câncer

      Existem três tipos de tratamento: cirurgia, radioterapia e quimioterapia. No estágio I, o câncer está restrito somente em uma parte do pulmão e deve ser operado e removido, com chance de cura de até 75%; no estágio II, o tumor se disseminou para os gânglios linfáticos ou tecidos próximos; no estágio III houve uma disseminação mais extensa dentro do tórax; no estágio IV o câncer se disseminou para outras partes do corpo, órgãos e/ou estruturas. Nos estágios, II e III, a quimioterapia e a radioterapia devem ser associadas, com uma chance de cura de 30%. No estágio IV a quimioterapia é o tratamento de escolha, entretanto as chances de cura são bastante reduzidas.

       O tratamento fisioterapêutico se inicia desde a fase de internação hospitalar (UTI e enfermaria), e se estende até a fase ambulatorial.
       Complicações pulmonares pós-operatórias aumentam, de forma significante, o tempo de permanência hospitalar e, consequentemente, os custos globais com serviços de saúde. Alguns estudos têm sugerido identificar e tratar, no período pré-operatório, pacientes com risco de complicações pulmonares pós-operatórias.
      As técnicas mais eficazes são a espirometria de incentivo (EI), a ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP), a higiene broncopulmonar (HB) e o treinamento muscular inspiratório (TMI). A ventilação não invasiva com pressão positiva (porexemplo, BILEVEL ou CPAP) é fornecida por equipamentos de ventilação mecânica que geram pressão positiva intratorácica por meio de uma máscara facial ou nasal , que pode abrir ou manter as vias aéreas abertas durante todo o ciclo respiratório. Ela evita o colapso o alveolar e ajuda a redistribuir o líquido intra-alveolar, melhorando a complacência pulmonar e reduzindo o esforço inspiratório; além disso, melhora a gasometria pós-operatória e a função de troca gasosa.
       Entre as condutas de tratamento, estão empregados também exercícios cinésiorrespiratórios, que visam a melhora da ventilação e expansão pulmonar e alívio da dispneia, manobras respiratórias, terapia manual, exercícios de fortalecimento para membros inferiores e superiores, visto que a maioria dos pacientes com doenças pulmonares apresentam encurtamento da musculatura de membros superiores por utilizarem como auxílio na mecânica respiratória. O treinamento dos membros inferiores, promovem o aumento da tolerância ao exercício, redução da ventilação durante a atividade e da acidose láctica, além do aumento da capacidade oxidativa dos músculos.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ZAMBONI, M. Câncer de pulmão (www.pneumoatual.com.br). Publicação: Ago-2000.Revisão: Jul-2007.

Instituto Nacional de Cancer Jose Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2012: incidencia de cancer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2011.

SEIXAS, R. J.; BASSO, A.G.; MARX, A.G. Exercício Físico Aeróbico e Câncer de Pulmão: um Estudo de Revisão. Março - 2012.

ROSA, B.R.; VITAL, F.M.R.; SILVA,B.N.G; LISBOA,S.;PECCIN,M.S. Intervenção fisioterapêutica pré-operatória para pacientes submetidos à ressecção pulmonar por câncer: revisão sistemática. 2013.

CECCATO R.B.; ALMEIDA E.M.P.; SAUL M.; Brito C.M.M.; Andrade R.G; IMAMURA M.; ROSA C.D.P.; BERNARDO W.M.; BATTISTELLA L.R. Câncer de Pulmão: Reabilitação. Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação.
21 de junho de 2013.

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