quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

ÍNDICE DE FALÊNCIA NA EXTUBAÇÃO OROTRAQUEAL EM UMA UTI ONCOLÓGICA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: FATORES DETERMINANTES.



ÍNDICE DE FALÊNCIA NA EXTUBAÇÃO OROTRAQUEAL EM UMA UTI ONCOLÓGICA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: FATORES DETERMINANTES.

Marcelo Lima da Silva1; Juliana de Oliveira Santos²; Minelvina Amorim²; Maria Dinorah Henrique dos Santos2; Daniel Salgado Xavier3.
¹Estudante do curso de Fisioterapia da Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO;
E-mail: marcelolima199015@hotmail.com ²Pós graduados em Fisioterapia Intensiva – IAPES; ³Fisioterapeuta da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas – FCECON.

A ventilação mecânica (VM), a intubação e extubação são procedimentos rotineiros na unidade de tratamento intensivo e que exigem atenção especial da equipe interdisciplinar, uma vez que o seu manejo inadequado pode aumentar o tempo de internação, elevar os custos hospitalares e impactar diretamente sobre a mortalidade e morbidade em pacientes oncológicos. Justificativa: Necessidade de adequar a terapêutica índices preditivos para a extubação, reduzindo desta maneira a taxa de reintubação e com isso reduzir a taxa de mortalidade e morbidade dentro da Unidade de tratamento intensivo oncológico. Objetivos geral e específico: Identificar e analisar os índices de falência na extubação orotraqueal e fatores determinantes em uma UTI oncológica na Amazônia ocidental. Metodologia: O estudo foi descritivo, quantitativo, seguido de estudo de coorte prospectivo, onde foram realizados seis meses de levantamento e análise de dados. Resultado: Ao final do período de pesquisa os resultados puderam sugerir a utilização de índices preditivos como uma maneira de reduzir as taxas de reintubação e padronizar as condutas da equipe interdisciplinar, colaborando desta maneira para uma tomada de decisão mais segura no que tange a extubação oro traqueal. Conclusão: Diante do estudo e dos resultados obtidos, ficou evidente a eficácia do protocolo de desmame ventilatório (IDV) – Ferrari e Tadine em comparação ao não uso do mesmo no processo de extubação oro traqueal.
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva;Oncologia; Ventilação mecânica


Introdução
O diagnóstico de neoplasia parece ser um agravante para admissão do paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em estudo francês que avaliou a admissão de pacientes oncológicos na UTI, verificou-se que 49% são recusados por apresentarem a doença (THIERY, 2005; AMENDOLA et al, 2006).
No entanto, segundo Albergaria (2007) apud Xavier (2012), uma UTI de Hospital Oncológico guarda características próprias em relação às UTI’s gerais, pois permite admissão de pacientes que não teriam espaço em outras unidades por questões éticas e necessidade constante de rotatividade pela falta de vagas. Muitos dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) necessitam de suporte ventilatório.
A ventilação mecânica (VM) e intubação são procedimentos rotineiros em UTI’s. Mesmo assim, alguns estudos demonstraram que a ventilação mecânica (VM) oferece grandes riscos ao paciente, o que leva o aumento do tempo da mesma, maior tempo de internação, altos custos hospitalares, maior chance de traqueostomia e maiores riscos de morbimortalidade. (GONÇALVES et al, 2007; HAHN, 2011; SAVI, 2012).
Segundo Reis et al (2013) na maioria dos pacientes a retirada da ventilação mecânica (VM) ocorre com sucesso, mas uma proporção desses apresenta falência de extubação, ou seja, há necessidade de reintubação após 24-72 horas da retirada do tubo oro traqueal (TOT). Deste modo, é importante à utilização de protocolos desde o desmame até o momento da extubação, pois estes são elaborados para que o desmame da ventilação mecânica (VM) seja realizada de forma mais segura, eliminando os possíveis fatores que levariam a complicações e posteriormente a falha da extubação, evitando assim o aumento das morbimortalidades (PAREDES, 2013).
O Teste de Respiração Espontânea (TER) é utilizado para verificar a tolerância do paciente à respiração espontânea por 30 minutos a 2 horas. Pode ser realizado com a pressão de suporte (PS) de 6 a 7 cmH2O, em pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) de 5 cmH2O ou respiração espontânea por tubo T, recebendo apenas oxigênio (RIBEIRO et al, 2013).
O Índice de Desmame Ventilatório (IDV) Ferrari-Tadine (2004), tendo como base a análise multifatorial no desmame da ventilação mecânica (VM), mensurando, criteriosamente, os parâmetros: escala de Glasgow, volume corrente, fração inspiratória de oxigênio (FIO2), frequência respiratória, saturação de oxigênio (O2), pressão parcial de gás carbônico (PaCO2), pressão parcial de oxigênio (PaO2), pressão inspiratória máxima, pressão suporte e idade, dando uma pontuação de 1 a 3 para cada um, tem-se por fim uma pontuação, sendo enquadrada na Classe Pontuação Prognóstico, dividida em: Classe I, de 27-30 pontos, extubação indicada; Classe II, 23-26 pontos, extubação favorável; Classe III, 20-22 pontos, extubação desfavorável; e Classe IV, < 19, extubação contraindicada (RIKER & XAVIER, 2012). Objetivos geral e especifico: Identificar e analisar os índices de falência na extubação orotraqueal e fatores determinantes em uma UTI oncológica na Amazônia ocidental.

Metodologia

Estudo transversal, descritivo e prospectivo em seres humanos, onde o sujeito pesquisado foi acompanhado por um período de 48 horas incluindo aos fins de semana, tempo este que determinou o sucesso ou a falha no processo de extubação do tubo oro traqueal (TOT),foram incluídos no estudo, indivíduos em ventilação mecânica (VM) intubados com tubo oro traqueal (TOT) por tempo superior ou igual a 24 horas, submetidos ao processo de extubação após obtenção de sucesso no teste de respiração espontânea (TRE), depois do aval da equipe.
Foram excluídos indivíduos traqueostomizados, instáveis hemodinamicamente (clínica desfavorável), pacientes em desmame difícil, que foram submetidos ao índice de desmame ventilatório (IDV) e falharam durante o procedimento do mesmo. O local do estudo foi Fundação Cecon,a População do estudo foram os pacientes de ambos os sexos internados na uti da Fundação Cecon submetido a ventilação mecânica invasiva (VMI). Cálculo da amostra: O estudo foi dividido em duas partes: a primeira tratou da descrição pormenorizada através da coleta de dados; a segunda, apresentou as comparações entre as variáveis avaliadas e instrumentos aplicados, visando à generalização de resultados obtidos a partir de uma amostra, para a população em geral, quando possível.
Projeto aprovado conforme parecer: 47054215.5.0000.0004.

Resultados e Discussão
O projeto teve duração de onze meses 01.08.2015 a 31.07.2016, o número total de extubações foram de 89 pacientes, destes, 77 pacientes foram submetidos ao protocolo de desmame utilizando o (IDV) e extubados por fisioterapeutas e 12 pacientes foram extubados por outra categoria de profissional da área da saúde sem o uso do (IDV). dos 77 pacientes extubados por fisioterapeutas, 13 pacientes evoluíram com falha, ou seja, foi necessário reentubação dos mesmos no prazo de tempo inferior a 48 horas, tendo o sucesso em 64 pacientes. Os 12 pacientes extubados por outros profissionais da área de saúde sem o uso do (IDV), obtiveram 8 pacientes extubados com sucesso, tendo 4 pacientes que evoluíram com falha após a extubação.
Conclusão
Diante do estudo proposto e dos resultados obtidos, fica evidente a eficácia do protocolo de desmame ventilatório (IDV) – Ferrari e Tadine em comparação ao não uso do mesmo no processo de extubação oro traqueal.
Agradecimentos
Agradeço a Fapeam, que financiou essa pesquisa, ao Departamento de Ensino e Pesquisa da Fundação Cecon (DEP) que me suporte para terminar este trabalho, a Prof: Rachel Galli Especialista em Gerontologia e mestrando em Ciência da Educação. Doutora em Imunologia Básica e Aplicada Valquiria do Carmo Alves Martins e aos meus colaboradores.

Referências
1 THIERY, E.; AZOULAY, E.; DARMON, M., et al. Outcome of cancer patients considered for intensive care unit admission: A hospital wide prospective study. J Clin Oncol, 2005, v. 23, n.19, 4406-13.
2 GONÇALVES, J. Q. et al. Características do processo de desmame da ventilação mecânica em hospitais do Distrito Federal. Rev. bras. ter. intensiva, Mar 2007, vol.19, no.1, p.38-43.
3 ALBERGARIA, D. M. Perfil de clientes internados na unidade de terapia intensiva de um hospital oncológico. Revista Científica da Faminas. Muriaé; 2007; v.3, n.1, sup. 1, p.63.
4 HAHN, C. E. B. Índice de respiração rápida e superficial como preditor de sucesso de extubação da ventilação mecânica invasiva: avaliação em uma população geral de pacientes críticos e subdivididos em diferentes comorbidades. 2011. 67 f. [dissertação de mestrado]. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2011.
5 SAVI, Augusto. Preditores de desmame da extubação. 2012. 115 f. [Tese de Doutorado]. Programa de Pós-graduação em Medicina: Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - Rio Grande do Sul, 2012.
6 REIS, H. F. C. et al. A falência da extubação influencia desfechos clínicos e funcionais em pacientes com traumatismo cranioencefálico. J. bras. Pneumol., São Paulo ,  v. 39, n. 3, p. 330-338, Jun. 2013. Disponível em: . Acesso em: 27 Abr. 2015.
7 PAREDES, E. R.; NAVILLI JUNIOR, V.; OLIVEIRA, A. C. T. de. Protocolo de prevenção de falha de extubação como estratégia para evitar as complicações da reintubação precoce. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 10, n. 19, 2013.
8 RIBEIRO, S.; GONTIJO, V. P.; DIAS, K. S.; FERNANDES, C.; MECANICA, D. V. Falhas Terapêuticas e Desmame Prolongado. Profisio, v. 4, p. 11-38, 2013.
9 FERRARI, D.; TADINE, R. Índice de desmame ventilatório: IDV Ferrari-tadini. 2004. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2015.
10 RIKER, L. P. L, XAVIER L. Índices preditivos utilizados para o desmame ventilatório na Unidade de Terapia Intensiva (UTI): um estudo sistemático sobre Índice de Tobin e Índice de Desmame Ventilatório (IDV). 2012. Disponível em

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